23 de dezembro de 2011

Aos meus amigos



Aos meus amigos,
amigos que não verei mais.

Tenho amigos que já partiram!
Nunca mais verei a expressão de seus olhos,
assim como eles jamais focarão em mim
os seus olhares.
Nunca mais sentirei o calor de seus abraços,
nunca mais apertaremos nossas mãos,
nunca mais enlaçaremos nossos braços.
Nunca mais sentaremos num barzinho
pra jogar conversa fora.
Não mais faremos caminhadas
pelas mesmas trilhas.
Não mais deitaremos nossas cartas
na mesa e nem falaremos
das penosas cartas que a vida
nos fez ocultar nas mangas.
Nunca eles saberão de fato
como é o meu cotidiano
e nem eu saberei como eles são no seu dia a dia.
lá onde estão.
Não mais riremos juntos
por qualquer pequena ou grande alegria,
nem estaremos juntos nas horas das nossas crises,
angústias ou agonias.
Sei que vivem, que me amam
e sentem a minha falta.
Sei que eu os amo tanto, que neles me diluo!
Eu os vejo todos os dias numa pequenina tela de ilusão:
frágeis e irisadas libélulas
que cá chegam nas asas
de uma canção, prosa ou poema.
Enquanto eu os alcanço
todos os dias levando-lhes
um tantinho do meu amor
em meio às minhas sublimadas
e subliminares mensagens
que tomam forma de tudo,
mas redundam sempre na
mesma - e tão antiga – cantilena.
Que saudades!
Foram antes de mim.

J.C.Paula

1 de dezembro de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - XII

      

 Ola,Sr [.....] boa noite, e quanto as crinças

o q vai acontesce. Elis estão querendo fazer o  seleção no domingo ondi

havera um  campionato,mas vc não vai deixa isso acontesce ,vai?

(Facebook, 1º/12/2011)

Comentário: falta de cuidado ao digitar algumas palavras. Mas, percebe-se que não há nenhum conhecimento linguístico por parte do autor. Há, neste pequeno trecho, 11 erros ortográficos, sem contar erro de pontuação.

Dificuldades da Língua Portuguesa - XV

Atenção às semelhanças entre os verbos e as falsas derivações, pois costumam levar a erros de flexão verbal
Os verbos "ver" e "vir" têm a mesma forma, respectivamente, na primeira pessoa plural do perfeito e do presente do indicativo: "Vimos muitas pessoas lá." "Vimos protestar contra as más condições dos hospitais." A flexão "viemos" corresponde ao perfeito deste último verbo: "Viemos ontem e não voltaremos amanhã";
"Provir" vem de "vir", mas "prover" não se origina de "ver". Sendo assim, é correto dizer que "o sucesso de alguém proveio de muito esforço", mas não que "o pai proviu a casa do necessário". O correto é proveu (abasteceu);
"Intervir" é o verbo vir antecedido do prefixo "inter". Devem-se então evitar as flexões "intervi", "interviu", "intervira", "interviram". As formas corretas são intervim, interveio, interviera, intervieram.

(Revista Língua, nº 73, p. 39, novembro 2011)

17 de novembro de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - XI

LUIZ VALORIZA MAIS NOSSA CRIANÇAS SEI QUE VC É UM

OTIMO PROFICIONAL TEM COMO DEVER AXILIAR

NOSSA CRIANÇAS QUE SERAM OS VOTOS DE AMANHÃ.


Comentário: Esta mensagem foi retirada do Facebook em 17/11/2011.
Erros de pontuação, concordância, ortografia, acentuação, etc. Uma vergonha. Um verdadeiro exemplo de analfabetismo.

1 de novembro de 2011

O Circo




Rua General Costa Campos 
Rua General Costa Campos. Rua da minha infância, dos meus folguedos, da minha vida, da minha inocência. Ali, no n.º 277 vivia eu. Naquela rua, bons amigos. Lembro-me muito bem de todos eles. O Cláudio, o Mário, o Zé Célio, o Jairo, o Carlinhos, o Zezé, a Dulce, a Olga, a Celuta, o Marcos, o Zé Miguel, o Reinaldo, o Ilacir e tantos outros que vivem na minha memória. Os folguedos infantis rolavam pelos nossos dias. Na casa do Zé Célio, ali na Rua Marechal Deodoro, resolvemos inventar uma nova brincadeira.

R. Marechal Deodoro
         Cercamos uma área de um terreno vago (e é vago até hoje, teimando em nos fazer lembrar de nossa infância) e fizemos uma arena. Era o sonho. Queríamos imitar o famoso Circo Índio Brasil, o circo do Pelado. Ah! Infância! Bons momentos!
Dulce, a irmã do Zé Célio, era a bailarina, junto com sua irmã Olga - mais nova do que ela. Celuta, a mais velha, se encarregava de vender os ingressos, cujo preço era uma caixa de fósforo. Maluquices de criança. 
Mário, moreno forte, e risonho, era o domador. Usa seu chicote, feito de corda, na fera imaginária. Cláudio, de saudosa memória, era o malabarista. Brincava com três bolinhas de borracha, atirando-as para o alto num vaivém frenético.
Zezé, ah! o Zezé! Era, é claro, o palhaço. Função que exercia com maestria. Aliás, era o palhaço no nosso dia-a-dia. A tristeza não lhe cabia. Carlinhos, amigo inseparável das caçadas de gaiola na já inexistente Pedreirinha. Ele era o parceiro de Zezé. Juntos  faziam uma dupla de dar inveja. Suas palhaçadas não se repetiam e nos matava de rir. Acho que Pelado, o dono do Circo Índio Brasil, se visse esses dois com certeza os levaria para seus espetáculos.
Jairo, o mais jovem, este vivia me desafiando para competições de natação na Praça de Esportes. Eu aceitava e, entre perdas e ganhos, eu sempre saía no prejuízo, embora nadasse muito bem.
Ah, arranjaram um trabalho para mim: contar causos e piadas, que era o meu forte. Mas como era difícil. Não podia repeti-las todos os dias porque o público sempre era o mesmo.  Eu sempre me safava.
A plateia, formada por crianças da redondeza, se fazia presente em todo o “espetáculo”.
Hoje, tantos anos depois, ainda  paira na  minha  memória aqueles momentos que o tempo tenta apagar, mas não consegue. A marca das alegrias infantis é indelével. Recuso-me  a esquecer aqueles bons momentos e os velhos amigos.
Onde andarão os “artistas” da General Costa Campos e da Marechal Deodoro? Onde andarão estes artistas que insistem em me deixar saudoso?

Curiosidades: Qual a origem da palavra Saudade? - 11

Qual a origem da palavra saudade?

Em primeiro lugar, fique claro, saudade não é palavra que só existe em português. Também está presente na língua galega, falada no norte da Espanha. Saudade apareceu pela primeira vez no século XIII, pouco depois da criação do estado português, e é um derivado da palavra latina solitate, solidão. Para alguns etimologistas, está ligada às grandes navegações e é mais adequada para designar o sentimento de quem espera, em vez de quem partiu. O professor de letras Deonísio da Silva afirma que algumas palavras árabes, como suad, saudá e suaidá, que significam "sangue pisado e preto dentro do coração" e são metáforas para a tristeza profunda, devem ter contribuído para o sentido da palavra. "Pode ter havido a mistura de várias procedências para consolidar o vocábulo, além da mescla do verbo saudar", registra o professor Deonísio em seu De Onde Vêm as Palavras. A definição não é simples. O Dicionário Houaiss registra saudade como o "sentimento mais ou menos melancólico de incompletude". Uma enquete com mil tradutores feita pela empresa britânica Today Translation colocou saudade entre as 10 palavras mais difíceis de traduzir em todo o mundo. ("De onde vêm as palavras", Deonísio da Silva; "O romance das palavras", Celso Pedro Luft; "A origem curiosa das palavras", Márcio Bueno; "Dicionáro Eletrônico Houaiss", edição 2010; "Aventuras na História" ed. nº 100. Ed Abril)

Dificuldades para escrever

Uma folha em branco
Muitas palavras a dizer
Tentativas de escrever coisas diferentes
Dificuldade de formar frases
Reticências...

Dedos que dançam inquietos sobre as letras
Uma tecla apaga rastros
Nenhum pensamento concreto
Virgula,

Mais uma tentativa
Olhos que percorrem a tela
Nada interessante
Ponto final.

4 de outubro de 2011

Tudo Passa



O tempo passa
A vida passa
Eu passo
Com o passo no compasso
Com o passo em descompasso
E passam os anos
Os amores, os planos,
Os dissabores, os desenganos...
Em passo lento
Em passo apressado
E eu passo
E a vida passa
E o tempo passa
E tudo passa!...

Curiosidade: Como surgiu o Ç (cê-cedilha)? - 10


Embora tenha deixado de ser empregada na grafia da língua espanhola, a cedilha surgiu na Espanha.  A origem da palavra vem de "cedilla", diminutivo de "ceda", nome da letra "z" nesse idioma. Primitivamente, a cedilha era um pequeno "z" que se colocava debaixo do "c" para indicar que a letra correspondia ao som de [s].
O castelhano abandonou o uso da cedilha no século 18, a qual foi substituída por “z” ou “c” simples antes de “e” e “i”. A cedilha ainda  é utilizada em português, catalão e francês  para gerar o som [s] antes de “a”, “o” e “u”.
Exemplos: criança, preço, açúcar.
(Márcio Bueno in "A origem curiosa das palavras", Ed. José Olympio, RJ, 2002)

Dificuldades da Língua Portuguesa - XIV

Ao enviarmos uma correspondência, quase sempre acontece de ficarmos na dúvida se escrevemos: Anexo, Anexa ou Em anexo. Qual o correto?

Aqui vai uma dica rápida para que vocês memorizem facilmente a forma correta de escrever estas palavras.

Acontece muito quando enviamos um e-mail:
1. O documento segue em anexo
2. As fotos estão no anexo.
3. A foto está anexa.

Qual o jeito certo de usar? É bem simples.

Anexo é um adjetivo, portanto, ele deve combinar com o nome ao qual se refere. Assim, das frases acima, apenas a número 3 está correta, do ponto de vista da língua padrão.
Na número 1 é usada a expressão “em anexo” que, apesar de bastante usada, não é da índole portuguesa, já que é formada por uma preposição seguida de um adjetivo.
Na número 2 o adjetivo anexo é usado como se fosse um substantivo.
A número 3 está certa, pois anexa concorda com o substantivo foto.
Mais exemplos de uso correto:
Os documentos seguem anexos.
A nota fiscal remeto anexa.

8 de setembro de 2011

Curiosidade: Por que "feira" se incorpora aos dias da semana? - 9


"Feira" vem de feria, que, em latim, significa "dia de descanso". O termo passou a ser empregado no ano 563, após um concílio da Igreja Católica na cidade portuguesa de Braga - daí a explicação para a presença do termo somente na língua portuguesa. Na ocasião, o bispo Martinho de Braga decidiu que os nomes dos dias da semana usados até então, em homenagem a deuses pagãos, deveriam mudar. Mas espera aí: se feria é dia de descanso, por que se usa "feira" apenas nos dias úteis? Isso acontece porque, no início, a ordem do bispo valia apenas para os dias da Semana Santa (aquela que antecede o domingo de Páscoa), em que todo bom cristão deveria descansar. Depois acabou sendo adotada para o ano inteiro, mas só pelos portugueses - no espanhol, no francês e no italiano, os deuses continuam batendo ponto dia após dia. As únicas exceções assumidas pelos nossos irmãos portugueses - e depois incorporadas nas colônias portuguesas - foram sábado e domingo (Prima Feria, na Semana Santa), que derivam, respectivamente, do hebreu shabbat, o dia de descanso dos judeus, e do latim Dies Dominicus, o "Dia do Senhor". Desde 321 os calendários ocidentais começam a semana pelo domingo. A regra foi imposta naquele ano pelo imperador romano, Constantino, que, além disso, estabeleceu definitivamente que as semanas teriam sete dias. A ordem não foi aleatória: embora na época os romanos adotassem semanas de oito dias, a Bíblia já dizia que Deus havia criado a Terra em seis dias e descansado no sétimo e, ao que tudo indica, os babilônios também já dividiam o ano em conjuntos de sete dias.
(Mário Eduaro Viaro in "Por trás das palavras" - Ed. Globo, SP, 2011)

24 de agosto de 2011

Meu Primeiro Dia - III



Coronel J. Bento - década de 60
Entramos naquela sala. Grande, cinco janelas - duas à esquerda e três à direita - e uma grande porta que ia quase até ao teto. As carteiras enfileiradas. Havia 6 fileiras. Éramos então 30 alunos.  Não me lembro quantos meninos e meninas separadamente. Talvez a metade.
Apenas uns 3 ou 4 eu já conhecia, o restante era estranho para mim.
Sentei ali, na primeira carteira, encostado na parede do lado oposto da porta. A professora Helena, toda sorridente, foi de carteira em carteira abraçando e beijando cada um de seus alunos.
Depois, diante do silêncio da sala, ela ficou frente à sua mesa. Atrás dela o “quadro-negro”. Colado às suas margens, alguns cartazes com desenhos e alguns sinais, que eu entenderia depois como sendo letras do alfabeto.
Com um sorriso, saudou a todos e nos pediu que aprendêssemos algumas cantigas de roda. A sala toda entoou em coro o “Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar...”
Após aquela descontração total, principiou a nossa preparação para a vida. Desenhou no quadro o alfabeto de A até Z, em vários modelos.
Começava então minha iniciação para a vida, para novos mundos. Eu fiquei feliz...
No intervalo, fomos para o pátio. Enorme. Sob as árvores alguns bancos de madeira onde sentávamos para saborear nossas merendas, a minha era pão com queijo e açúcar. Naquele dia sentou-se ao meu lado um garoto magro, um pouco mais baixo que eu, e pediu-me um pedaço do meu pão. Dei-lhe. Ele saboreou com um sorriso no rosto. Não disse nada, mas seu olhar já expressava o “obrigado”.  Era o Silvane, que mais tarde, no ginasial,  o apelidaríamos de Jack (a pronúncia era Djéki), personagem de uma história contada em nosso primeiro livro. Moreno, simpático, extremamente educado, mas muito pobre. Ele tornou-se meu melhor amigo por muitos anos. Por onde andará?
Voltei para casa, também de mãos dadas com Dona Helena que, durante o trajeto, veio me incentivando aos estudos,  às descobertas e à vida.
Minha mãe me aguardava com o costumeiro sorriso e beijo. Durante algum tempo ela me interrogou. Queria saber de tudo e como foi o meu primeiro dia.
Dona Helena, que saudades!

23 de agosto de 2011

Curiosidade: De onde surgiu a expressão mineira "uai"? - 8


Existem várias versões sobre a origem do UAI.
Segundo o odontólogo Dr. Sílvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, foi o presidente Juscelino Kubitschek "quem os incentivou a pesquisar a origem. Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, Dorália encontrou explicação provavelmente confiável. Os Inconfidentes Mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas, para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria, nas portas dos esconderijos. Lá de dentro, perguntavam:
- Quem é?
- E os de fora respondiam: UAI – as iniciais de União, Amor e Independência.
Só mediante o uso dessa senha a porta era aberta aos visitantes.
Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas.
Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário quotidiano, quase tão indispensável como tutu e trem. Uai, sô… 
(Jornal Correio Brasiliense.)

18 de agosto de 2011

Meu Pai

á memória de Alcides Gabriel da Silva

Correste tanto e por fim paraste, pai.
A tua hora Deus achou por bem fazer.
Lutaste muito, mas quando a chama se vai
só mesmo Deus pode intervir no teu sofrer.
Nos deste tantas alegrias e esperanças,
que nossa vida parecia um paraíso.
1905 - 1973
Quando tu foste, já não éramos crianças,
foi doloroso aceitar tudo com serenidade.
No leito triste do teu quarto, por tantos dias,
e nós, na ânsia de ver-te acordar disposto,
rezamos muito para tentar ter a alegria
de ver-te bom e com um sorriso no rosto.
O sofrimento provoca dores na gente.
Mas enfrentamos o sofrer com altruísmo,
ao percebermos que Deus estava carente
de ter no céu o teu amor e tua bondade.
O tempo passa e com ele envelhecemos.
Talvez um dia estejamos reunidos,
em outro plano, bem juntinhos.
São 38 anos de saudades.

17 de agosto de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - X

XY, frça cara deus não Ira te asbandonar pois vc é uma pessoa iluminada e sabia...
obrigado por toda a força que vc me Deu obrigado cara e Deus esta com vc....
Fulano amigo e antigo funcionário d......


[Fonte: jornal online]
Sem pontuação, desrespeito total à ortografia, descaso com o uso de letras maiúsculas,
indiferença ao uso de acento gráfico, despreocupado com a clareza do texto.

14 de agosto de 2011

Natureza em Ubatuba


A chuva bate violenta na janela do apartamento,
como pedindo para entrar.
Os trovões rasgam o céu sobre o mar,
alvoroçando o movimento da maré.
O vento assovia forte, como se quisesse falar,
da sua inquietação.
A água da chuva correndo pela vidraça sem parar.
O barulho continua, como uma canção
forte, impetuosa.
As ondas do mar, essas mais e mais agitadas.
A porta balança, com a violência do vento.
O vento quer entrar e encontrar a chuva.
A Natureza está agitada!
Aos poucos, vai ficando mais calmo.
A chuva continua.
Agora mais suave desce pela vidraça,  forma de banho....
As ondas quebram na areia, uma após a outra, fortes e altivas...
Os relâmpagos rasgam o céu, iluminando
vai e vem das ondas.
Deixando o meu coração, calmo e lavado.
Como é bom sentir a agitação do mar,
do vento e da chuva
Quando se parte,
a saudade fica!

2 de agosto de 2011

Quem lê poemas tristes

Hoje sou uma folha solta ao vento
que o amor um dia escreveu por engano.
Sinto-me perdido
assim rasgado em mil pedaços
e num rodopio infernal
deixo-me assolar pela dor
enquanto espalho versos pelo chão
com palavras tristes
que o mundo não lê com o sorriso estampado na boca.

Então, que a poesia
se cale para sempre nos meus dedos
e que a solidão seja a esmola amarga do poeta.
maio/2002

20 de julho de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - XIII



O correto é:  Ele foi “pêgo” ou “pégo” em flagrante?
E então, como você diria: Ele foi "pêgo" em flagrante ou ele foi "pégo" em flagrante? Em São Paulo, Minas e alguns outros estados,  com toda a certeza, falam "pêgo", pois o som fechado na palavra é o predominante de alguns Estados. Diferentemente do que ocorre no Rio de Janeiro onde a forma usual é "pégo". Os dicionários Aurélio e Houaiss registram as duas pronúncias, "pêgo" e "pégo". De qualquer maneira, existem especialistas em língua portuguesa que ainda opõem resistência a esse particípio irregular de pegar. Outros, no entanto, já o aceitam, como os professores e gramáticos Napoleão Mendes de Almeida e Domingos Paschoal Cegalla. Os dois, porém, dão preferência à pronúncia "pêgo". Por sua vez, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, só registra "pêgo", com som fechado. Por isso, se quiser seguir os mestres, diga "pêgo" em vez de "pégo".

1 de julho de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - 7

"naum da pra acredita que esse menino morreu.. ele vai deixa muitas saudadees.. ele ate podiia teer oo defeito de nao para nas sinalizaçoes mais ele nao mereçia ter uma morte assim como ele teve =/ mas quem nao erra nesse mundo nee.. DEUS escolhe os melhores pra fica ao lado dele e ele escolher esse menino pra faze compania a ele.. "

Comentário feito online a respeito de uma notícia publicada num jornal online de Alfenas.
Tanta asneira, comentar o quê?

29 de junho de 2011

Meu Primeiro Dia - II

EE Coronel José Bento - hoje
Ali estava eu, galgando os primeiros degraus que dava acesso à entrada da imponente escola. Olhei para trás. O coração saltou. Estava eu trocando a costumeira vida tranquila por uma responsabilidade ainda desconhecida.
Ao entrar no prédio, em forma de U, onde no centro se concentrava outras tantas crianças da minha idade, me senti perdido. Minha alma de criança principiou sua luta entre o sair e o ficar. Mas aquelas mãos meigas de  Dona Helena davam--me a coragem suficiente para enfrentar o novo mundo. Aquele sorriso - que permanece indelével na minha mente - empurrou-me para o então desconhecido, incentivando-me à luta.
Alguns momentos depois, entre gritos e algazarras, ouviu-se o toque do sino. Forte, decidido, fez com que as bocas se calassem. Em cada rosto, uma dúvida e um medo. Todos entramos em fila: cada turma, uma fila. De repente entra no pátio, com a voz imponente e forte, decidida, mas materna, de Dona Mariinha (Maria Passos Vinhas) - a Diretora.
Morena, baixa, cabelos curtos, impecavelmente vestida. Uma saia azul e uma blusa branca de mangas compridas.
- Atenção, crianças. Boa tarde! Sejam bem vindas à nossa escola.
Então já nos acalmamos. Havia 8 professoras, lado a lado, com as mãos para trás.   Olhavam-nos firmes, com sorriso nos lábios e no rosto transparecendo calma e carinho.
- Vamos formar as filas, de acordo com a chamada. Vocês vão ficar à frente de cada uma de suas  professoras que  serão anunciadas agora.
Meu coração disparou. Eu queria ficar com Dona Helena. Eu queria. A cada nome pronunciado, meu coração disparava.
- Agora, atenção. Alunos da professora Helena, formarão fila de frente dela. Vamos começar a chamada.
Não, acho que eu não ia aguentar. Meu coração saltitava. Minha apreensão era muito grande. Eu não queria em momento algum ser decepcionado. Queria ser aluno dela, só dela.
- Ailton, Antônio, Brenda, ...
A cada nome, meu coração pulava. E D. Mariinha continuava citando nomes. Meu pensamento voava para distante daquilo. Era a primeira vez que eu sentia a sensação de estar perdido, sem saber o que fazer.
- Cláudia, Édson, Fernanda, Ismael...
Eu tinha vontade de gritar “ei, me deixa ficar nessa fila”, mas as palavras paravam na minha garganta e se recusavam a sair.
- José Carlos, José C...
Ah!, meu Deus! Ela disse meu nome. Meus olhos se encheram de lágrimas. Lágrimas de alegria, lágrimas teimosas. Eu tinha vontade de sair pulando, gritando e mostrando a todos que eu havia conseguido: ser aluno de Dona Helena.
Depois de todas as crianças serem distribuídas em filas e cada uma com sua respectiva professora, D. Mariinha ainda falou:
- Vamos, agora, agradecer a Deus por tudo que nos tem feito e pedir a Ele que nos abençoe em nosso primeiro dia.
A  seguir, todos contritos, rezamos as orações do Pai-nosso e  Ave-maria! Nunca havia rezado com tanta convicção e alegria.
E fomos para a sala de aula...

Curiosidades: O que significa o termo "Católico"? - 7


Etimologicamente a palavra latina catholicus deriva do grego katholikós, termo usado por filósofos, como Aristóteles, como sinônimo daquilo que é "o mais universal ou geral", em contraste ao "particular e local". A palavra grega veio do advérbio katholou (em geral, em absoluto), composto de kat- (de, acerca de), mais -holou (todo, inteiro). Os primeiros cristãos não usavam o termo para designar sua religião. A noção de uma Igreja universal veio mais tarde, muito provavelmente citada numa carta de um bispo de Antioquia chamado Inácio e absorvida como signo da universalidade cristã no século 4º, após o concílio de Constantinopla, em 381, para referir-se a uma Igreja unificada, universal (portanto, católica) e apostólica. Concluindo: católico = universal (Língua Portuguesa Especial: Etimologia, a origem das palavras, nº 2, março 2007, p.49)

21 de junho de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - XII

Um leitor me escreveu dizendo que leu, num determinado jornal, a frase: “Ordem e Progresso. Aonde?”. Disse, ainda, estar em dúvidas quanto ao emprego da palavra “aonde”.

Vamos entender, inicialmente, o seguinte:
AONDE é o resultado da união da preposição “a” mais o advérbio de lugar “onde”. Esta preposição pode ser substituída por “para”,  portanto AONDE significa “para onde”.  Exemplo: Aonde você vai? (Para onde você vai?)  O “a” da palavra “aonde” nos dá ideia de movimento, destino. Isto quer dizer que devemos empregá-la apenas em situações em que houver essa ideia.  Geralmente usada com verbos desta natureza: ir, caminhar, dirigir, chegar, etc.   -   A palavra ONDE indica lugar, lugar físico e, portanto, não deve ser usada em situações em que a idéia de lugar fixo não esteja presente.
Em resposta à questão proposta, o emprego de AONDE na frase citada pelo consulente, sob o ponto de vista culto, gramatical, está incorreta. O certo seria ONDE.  Mas, a confusão em relação ao emprego de ONDE e AONDE se faz presente em nossos dias, principalmente nos programas de TV, rádios, jornais e até nos discursos de nossos políticos ditos tão cultos.  Tornou-se, praticamente, uso corriqueiro. Mas não correto. Vamos mais alguns exemplos:
Onde estás?  Você sabe onde fica a casa dela? Onde moram os sem-terra?  Não entendo onde ele estava com a cabeça quando falou isso. De onde você está falando? Não sei onde me apresentar nem a quem me dirigir.  Aonde você vai todo dia às 9 horas? Sabes aonde eles foram? A mulher do século 21 sabe muito bem aonde quer chegar. Não sei aonde ou a quem me dirijo. Aonde nos levará tamanha discussão?  Estavam à deriva, sem saber aonde ir.  Há lugares no universo aonde não se vai sozinho.  Voltei àquele lugar aonde minha mãe me levava quando criança.

17 de junho de 2011

Meu Primeiro Dia - I

EE Cel. José Bento - hoje
Pela primeira vez eu iria à escola. Tinha 6 anos. Um corpo ainda por moldar, uma vida que se iniciava. Naquele dia, início de março, com uma calça curta azul, camisa branca, todo orgulhoso, minha mãe penteava meus cabelos ainda loiros e brilhantes. O rosto suave e a alma apreensiva, imaginava o que estava por vir.
A teimosia em manter a blusa para fora da calça, levou minha mãe a ficar brava comigo. Naquela braveza mais se notava ternura e amor do que sentimentos raivosos. Obedeci. Olhei para o relógio. Era meio-dia. Faltava apenas meia hora.
O coração de criança pulava no peito anunciando o momento da estreia. Meus olhos brilhavam fitando o rosto dela. Aquela mulher durona, mas meiga; brava, mas cheia de amor; cansada, mas pronta para continuar sua luta.
Naquele instante recebi um abraço e um beijo carinhosos, acompanhados da serenidade brotada daquelas palavras: “Vá com Deus, meu filho!”
A bolsa preta segura pelas mãos leva os objetos de trabalho: caderno, cartilha, lápis e borracha. Notava-se nela uma saliência: era um sanduíche (pão com queijo e açúcar). Ele seria meu sustento durante o período em que eu ficaria confinado naquela escola pela primeira vez.
Desci as escadas um tanto apreensivo mas alegre. Conheceria novos amigos. Ao chegar na esquina, lá estava ela: a professora. Era minha vizinha e já a conhecia. Conhecia seu carinho, sua meiguice, seu sorriso franco e encantador:
Dona Helena. Que graça.
De braços abertos me recebeu e me beijou. Pela primeira vez, me beijou o rosto com um carinho indescritível. Segurou-me a mão e do seu lado esquerdo uma garotinha, da mesma idade que eu, cujo nome a memória se recusa a lembrar. Lá fomos para um mundo ainda desconhecido. Subimos conversando, eu ainda na minha timidez. Atravessamos a Praça Getúlio Vargas e cruzamos ruas. Ao chegarmos na Praça da Bandeira, visualizei imponente o prédio do Grupo Escolar Coronel José Bento. Que lindo! Parecia um castelo de sonhos, onde, no seu interior, estivessem me esperando um mundo de fantasias, princesas e fadas.
Paramos na entrada. No prédio havia dois pátios: à esquerda pertencia às meninas; à direita, aos meninos. Em ambos, mostrando sua suntuosidade, duas grandes árvores que, a partir daí, seriam palco de minhas aventuras.
O mundo se abria à minha frente.

7 de junho de 2011

Curiosidades: De onde surgiu a expressão "pé-rapado"? - 6


A expressão usada para indicar um sujeito sem dinheiro tem a ver com o ato de raspar no chão a sola do pé sujo, gesto de quem anda descalço. No século 17, em poesia feita para Anica, mulata de quem gostava e que lhe pedia dinheiro para comprar sapatos, o poeta Gregório de Matos escreve: “Se tens o cruzado, Anica, / manda tirar os sapato, / e se não, lembre-te o tempo / que andaste de pé rapado.”  No século 18, o termo era muito usado pela aristocracia. Segundo consta do livro De Onde Vêm as Palavras II (Deonísio da Silva), pés-rapados eram o trabalhadores das lavouras e das minas. Mas, por um momento, nem os ricos se livraram da pecha. Na Guerra dos Mascates (1710-1711), os portugueses chamavam os aristocratas rurais de Pernambuco de pés-rapados por combaterem sem botas.  (De Onde Vem as Palavras – Deonísio da Silva; Aventuras na História , ed. Abril, nº 95, pág. 23)

29 de maio de 2011

Alcides, meu pai.


      
1905 - 1973
39 anos de saudade!


Saudades
Daquele que percorreu
Caminhos errôneos!
Mas que me ensinou a seguir o caminho
Da dignidade, do respeito e da sabedoria.
Que me mostrou a vida de maneira doce
E que acalentou sonhos a meu respeito
E não pôde vê-los se concretizar.
Que apesar dos erros, tinha orgulho de ser pai.
Meu pai!
Não posso ouvir agora sua voz.
Ver seu sorriso por eu ter alcançado o sucesso
Por menor que fosse.
Sentir orgulho ao pronunciar meu nome
Ou comentar meus feitos tão pequenos.
Ver o brilho dos seus olhos ao me ver pregar a verdade.
Os tapas, quando achava que o que fiz não estava correto
Embora muitas vezes estivesse.
É pouco o que me faz lembrar de você
Do seu jeito, do seu pensar.
Pois Deus o levou muito cedo para longe de mim.
Sinto sua falta...
Das nossas conversas, do que vivíamos.
Dos momentos que passamos juntos.
Dos jogos de truco, dos gritos,
Dos truques do truco.
E só uma palavra resume
Todos os meus sentimentos:
Saudades!

                                                                                                                                                J. C. Paula     

22 de maio de 2011

Curiosidades: O que significam as letras S.O.S.? - 5

Foi-me perguntado o que significam as letras SOS (ou: S.O.S.)

SOS é um dos sinais mais usados e enviados em situações de emergência de um indivíduo. Quando enviado em código morse, consiste em três pontos (correspondente à letra S), três traços (correspondentes à letra O) e novamente três pontos (• • • – – – • • •). No uso popular, SOS foi associado a frases como "Save Our Seamen" ("Salve nossos marinheiros"), "Save Our Ship" ("Salve nosso Navio"), "Survivors On Shore" ("Sobreviventes na costa") ou "Save Our Souls" ("Salve nossas almas"). Essas frases, no entanto, surgiram depois, como forma de ajudar a lembrar as letras corretamente, uma espécie de acrônimo.  Sendo um código, as letras de SOS não têm um significado por si mesmas. Este sinal foi inicialmente adaptado pelo governo alemão nas regulamentações de rádio em 1º de Abril de 1905 e passou a ser um padrão mundial quando foi aceito na segunda International Radiotelegraphic Convention, firmada em 3 de Novembro de 1906 e tornando-se efetiva em 1º de Julho de 1908 (em substituição ao código morse).  O primeiro navio a enviar um SOS por rádio foi o Arapahoe, que se encontrava perdido ao norte do continente americano em 1909. O fim do sentido original do SOS deu-se em janeiro de 1999, quando foi oficialmente aposentado o serviço de telegrafia Morse nas comunicações marítimas.  (Wikpédia / Curiosidades da Língua)

13 de maio de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - XI

Um amigo me perguntou: qual a diferença entre  incipiente e insipiente, mandado e mandato.

A Língua Portuguesa é muito dinâmica e rica. Existem, aproximadamente, 420 a 450 mil palavras registradas apenas no “Aurélio”.  Precisamos de 1.500 para nos comunicar bem. Dentre as palavras registradas há um número enorme de Parônimas. Parônimas são palavras que se diferenciam ligeiramente na escrita e na pronúncia. Por exemplo: eminente/iminente. As parônimas podem ser homógrafas (escritas iguais, pronúncias diferentes: acordo [ô], acordo [ó]) e homófonas (escritas semelhantes e pronúncias iguais: sela/cela).  Portanto, há de se ter bastante atenção para não empregar palavras desta natureza de forma errônea.  No caso das palavras citadas temos:  incipiente = principiante;  insipiente = ignorante;  mandado = ordem judicial; mandato = cargo eletivo, delegação.  Vamos dar mais alguns exemplos, dentre centenas que temos: aprender (estudar, instruir-se), apreender (assimilar, tomar, compreender); recrear (distrair, ter recreio), recriar (criar de novo); emergir (vir à tona), imergir (mergulhar); saldar (pagar o saldo, liquidar), saudar ( saudação); ratificar (confirmar), retificar (corrigir); eminente (elevado, excelente), iminente (ameaçador, prestes a acontecer); deferir (conceder); diferir adiar); lactante (que amamenta), lactente (que mama); treplicar (refutar com tréplica), triplicar (tornar três vezes maior); viajem (jornada, passeio), viagem (verbo viajar); despercebido (desatento), desapercebido (desprevenido). E assim por diante e, em caso de dúvidas, sempre consulte um bom dicionário.

Tenho saudades da minha infância   Saudades de tempos distantes, pessoas especiais, lugares inesquecíveis, cheiros e prazeres, reco...