26 de fevereiro de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - 1

"Ah sabe o q vaai aconteçeer com elee?? eu sei .. vai laa na delegaciia .. fika preso um dia 2 sei laa nuun fiika mais de 1 semanaa qq isso pessoal .. agora a cadeiia viro acampamento de fériiaas.. come dorme .. e depois saai roba de novo (aaaaaaaaaa)pelo amor de deus né .. agora se vc naun gosto d meeu comentariioo.." (http://www.alfenashoje.com.br/, acessado em fevereiro 2011)

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25 de fevereiro de 2011

Agora ela pode morder?

Naquele dia, ele se aproximou de mim perguntando sobre a possibilidade de ter um cãozinho. A verdade é que eu nunca desejei ter um cão ou cãozinho. Não tinha como abrigar um animal em minha casa por falta de espaço.
Mas aqueles olhinhos esbugalhados, fixos nos meus, o sorriso franco aguardando uma resposta, deixou-me sem jeito para dizer não! A resposta foi simplesmente resumida num “é possível”. Procurou argumentar sobre a necessidade de ter um cãozinho.  “É bonitinho! Eu quero! Preciso de um amiguinho desse tipo! Meus coleguinhas todos têm!”
Até que naquela tarde de novembro um amigo ofereceu-me um animal desses, pequenos, acho que é Pintcher (acertei o nome?), um bichinho tão miúdo que cabia no meu bolso.  Pensei que um serzinho desses não ocuparia espaço. Levei-o!  E qual não foi a alegria dele ao receber a cadelinha. Uma miniatura. Tornou-se até difícil criá-la. Com o passar do tempo, ela tornou-se a dona da casa. Corria pra todo lado, fazia festa com todos.
Era perigoso pisoteá-la de tão miúda. Tornou-se ciumenta com todos. Ninguém podia se aproximar de um de nós que ela corria, eriçava os pêlos (que quase não tinha), fazia escândalos e latia desesperadamente. O latino fino e estridente que chegava a doer os ouvidos.
Foi então, numa dessas crises de ciúmes, que aconteceu. Estava ela deitada no sofá entre nós, quando alguém bateu à porta. Era um velho amigo. Solicitei que entrasse e se sentasse na sala conosco. Ele estava apenas de chinelos e sem meia. Quando, sem menos esperar, surgiu aquela coisinha correndo e latindo em direção ao visitante. Não houve tempo  de pará-la. Com seus dentinhos afiados e brancos, abocanhou raivosamente o calcanhar de nosso amigo. É certo que apenas arranhou, mas nos deixou envergonhados. O comportamento daquela cadelinha nos deixou desconcertados. Quem diria!  Foi um problema segurar aquela ferinha ciumenta. Depois de muita luta, conseguimos.
No dia seguinte pedi ao meu filho que a levasse para ser vacinada. Fazia parte da rotina. Ele quis saber o porquê da vacina. Expliquei que o cão poderia transmitir doenças se caso mordesse alguém, como aconteceu.
Conformou-se e a levou ao veterinário. Quando voltou, todo satisfeito, com a cachorrinha no colo, abraçou-me e, num sorriso, falou:
- Pois é, papai, ela já foi vacinada! Agora ela já pode morder todo mundo, né?
Caímos na gargalhada.

J. C. Paula

22 de fevereiro de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - II

Um aluno me pergunta: rezar e orar. Há diferença?


Como atestam os dicionários, orar e rezar são sinônimos. A liturgia da igreja católica — cuja língua materna é o latim — emprega em diversas circunstâncias o oremus, que se traduz em vernáculo por oremos ou rezemos, posto que são sinônimos.
“Orar vem do latim orare; e rezar, do latim recitare, que também deu em português recitar. Já em latim, os verbos orare e recitare têm sentidos muito próximos: o primeiro significa “pronunciar uma fórmula ritual, uma oração, uma defesa em juízo”; o segundo, “ler em voz alta e clara"  (portanto, o mesmo que em português recitar). Entretanto, para orare prevaleceu na latinidade e nas línguas românicas o sentido de rezar, isto é, dizer ou fazer uma oração ou súplica religiosa (cfr. Augusto Magne,  Dicionário Etimológico da Língua Latina - MEC-INL - 1961)
Dizem algumas religiões que há diferença entre rezar e orar. A reza é constituída de ”palavras decoradas que devem ser repetidas várias vezes", o que não se trata de uma definição correta.
 Não vou polemizar os termos sob o ponto de vista teológico. Não é minha intenção e nem a finalidade deste blog. Estou me referendando à etimologia e à semântica.  O dicionário Houaiss, e outros,  nos informam que: "orar  é dirigir (oração ou súplicas religiosas) [a Deus, aos santos, às forças divinas]; proferir oração; rezar; pedir com insistência e humildade; implorar, rogar, suplicar; falar em público; proferir discurso ou expressar-se em tom oratório; discursar”.
 O mesmo dicionário se refere ao termo rezar como: “dizer (oração, súplica religiosa); fazer (prece); conter escrito; encerrar, referir.
O que se nota no vocabulário religioso dos não católicos é que o termo “orar” se transfornou numa espécie se senha entre seus adeptos.
Concluímos que, no contexto semântico, como já foi dito, estas palavra são sinônimas. (ver: 1.Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Ed. Objetiva, 2009, 1ª ed;  2. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Lingua Portuguesa, Antônio Geraldo da Cunha, 2011, 2ª ed.)

Brincadeiras de Criança


Às vezes acordamos a criança que está dentro de nós. As lembranças despertam e a saudade também. Abre em nosso ser a vontade de voltar. Os amigos retornam à nossa lembrança. São tantas coisas para se recordar... tantas coisas.
Lembro-me, por exemplo, de minha infância, das brincadeiras de pipa. Saíamos para a famosa Pedreirinha - um pequeno riacho à beira da antiga estrada que nos levava ao aeroporto - local ideal para nossas brincadeiras. Hoje, infelizmente, a floresta de cimento e o asfalto destruíram aquele mundo, mas não apagaram minhas lembranças.
Ainda me vejo com Zezé, correndo pelo campo, lutando para que a pipa subisse. E lá íamos em direção àquele riacho de águas cristalinas.
De um lado, o menino segurando a pipa e, do outro, os seus sonhos e seus desejos cada vez mais altos. A visão da pandorga alçando voo e à mercê do vento, nos transmitia a sensação de liberdade.  Aqueles bons momentos  que hoje voltam à minha memória.
Recordo-me saudoso daquele dia em que fomos ao famoso riacho, onde mulheres, com seus vestidos  amarrados entre as pernas, davam a impressão de estarem vestindo pantalonas, batiam suas roupas nas pedras e as esparramavam pela relva para secarem. Abaixo, corriam as espumas brancas que sumiam atrás dos arbustos, para onde corria o riacho.  
Lá estávamos, a inocência fazia parte de nossas vidas. Tiramos as roupas e nossos corpos nus se jogaram nas águas frias naquele dia de verão sob os olhares atônitos das mulheres que gritavam, horrorizadas talvez pela nossa atitude. Aquele corpo de menino, dourado pelo sol, nos privava do sentimento de vergonha.
Queríamos, sim, nos divertir naquele dia e o que pensavam de nós, não nos importava. Os gritos saíam de nossas gargantas e ecoavam pelo descampado imenso forrado de verde. A nós se juntaram outros moleques - talvez filhos das lavadeiras - e a brincadeira continuou e vozes se uniram aos nossos gritos que se traduziam em alegria.
Nosso futuro era aquele momento. A  infância, embora não acontecida, tinha seus momentos de prazer e de vida. 
Voltando àquele lugar, que um dia foi palco de tantas algazarras infantis, já não vi mais o riacho, as lavadeiras e o vale verdejante de minha infância. No lugar das árvores, plantaram concretos e ilusões. No vale cresceram os homens e se perderam os dias de inocência. Como é bom lembrar.
          Onde estarão Zezé e todos os outros?

J. C. Paula

19 de fevereiro de 2011

Curiosidade: "Cor de burro quando foge" - 1



Burro não muda de cor quando foge. Seu jeitão manso, pacato, conformado com o triste destino que o oprime. Não se altera, não reclama, nada pede ou reivindica. Mas se alguém o provoca e ele desembesta, saia da frente pois, assustado, o bicho fica feroz, leva de roldão tudo o que encontra pelo caminho. Por isso a expresão correta é "corra de burro quando (ele) foge"...

(A origem popular de expressões brasileiras - Márcio Cotrim)

Minha Menina


Em meio àquela confusão de papéis, lá estava eu absorvido pelo trabalho burocrático e aborrecido pelos problemas que teria que enfrentar e resolver naquela hora.
Cabeça baixa, às vezes coçando-a, tentando talvez tirar dali a solução para tantos problemas.
Quando levantei o olhar, lá estava ela com seus cinco anos de vida.
Sorriso nos lábios, lancheirinha pendurada a tiracolo, parecia mais uma boneca colocada ali a bel prazer. Não disse nada! Apenas me olhava fixo com aqueles olhos grandes e estatelados que mais pareciam duas estrelas solitárias brilhando na escuridão, a rondar todo um universo ao seu redor.
Dedinhos encostados nos lábios escarlates, pareciam impedi--los que dissessem alguma coisa.
Vestidinho curto, todo amarrotado e sujo pelas brincadeiras de recreio, mostrava a calcinha rendada e aquelas perninhas gordas e bronzeadas pelo sol de fim de verão.
Levantei a cabeça lentamente e olhei-a bem nos olhos, tentando repreendê-la por estar ali perturbando o meu trabalho tão importante.
Porém uma sensação de orgulho e alegria brotou de dentro de mim. Aquela criaturinha era parte de mim.
O cansaço desapareceu e o mundo se me apresentou mais esperançoso.
Não conseguia desviar meu olhar do olhar de Carina. Magnetizava-me a maneira com que ela me fixava. Era uma sensação indescritível.
Suas pernas medrosas começaram, vagarosamente, conduzir aquele corpinho em minha direção. Os dois metros que nos separavam pareciam quilômetros para ela.
Não me levantei. Não consegui sequer desviar o olhar. Os papéis da mesa de trabalho pareciam desaparecer diante de mim, dando lugar aquela criança tímida vindo em minha direção.
Quis dizer-lhe algo, mas não conseguia. Quando tentei balbuciar alguma coisa, ela atacou primeiro...
- Papai, sabe de uma coisa?
- Hum!??
- Eu te amo, sabia?
Meus braços se abriram e apertaram junto ao meu peito aquele mundo de esperança e de meus olhos, teimosamente, brotaram duas lágrimas enquanto que um nó apertava-me a garganta...

J. C. Paula

18 de fevereiro de 2011

"Dificuldades com o idioma..."

"Dificuldades com o idioma passam a incomodar cada vez mais os profissionais do mercado, que lotam cursos de reciclagem em português e comunicação. (...) O que antes era restrito a profissionais de educação e comunicação, agora já faz parte da rotina de profissionais de várias áreas. Para eles, a língua portuguesa começa a ser assimilada como uma ferramenta para o desempenho estável. Sem ela, o conhecimento técnico fica restrito à própria pessoa, que não sabe comunicá-lo. (...)"  (Adriana Natali - Revista "Língua Portuguesa", ano 5, nº 63, janeiro de 2011, pág. 36 e seguintes.)

Minas Gerais


Minas principia
onde termina o mundo.
Não é terra,
pois não tem começo
Não é mar,
pois não tem limite
Minas é mais que céu,
É horizonte e montanha
Minas não é palavra
É verbo em todos os tempos
          Minas é moça
          que hoje dorme
          mas ainda sonha
          e se chama Liberdade!

J. C. Paula

Dificuldades da Língua Portuguesa I

Um aluno me pergunta:  APOSTILA ou APOSTILHA?
No princípio, o latim escolástico post illa: depois daquelas coisas. O a inicial é um artigo feminino que foi aglutinado à palavra. Apostilas eram notas ou comentários que vinham depois dos textos.  Ao lado dessa forma existe a variante apostilha. A terminação -ilha é de origem castelhana.  Esta variação também pode ter sua origem no francês, apostille, apostiller, segundo alguns etimologistas. Concluindo: aparentemente apostila e apostilha não têm o mesmo uso. Apostila, forma mais abrangente, extensiva: 1) nota à margem de texto; 2) notas de aula; 3) nota a um diploma. Apostilha para 2, forma intensiva, hoje em desuso.

Tenho saudades da minha infância   Saudades de tempos distantes, pessoas especiais, lugares inesquecíveis, cheiros e prazeres, reco...