Naquele dia, ele se aproximou de mim perguntando sobre a possibilidade de ter um cãozinho. A verdade é que eu nunca desejei ter um cão ou cãozinho. Não tinha como abrigar um animal em minha casa por falta de espaço.

Até que naquela tarde de novembro um amigo ofereceu-me um animal desses, pequenos, acho que é Pintcher (acertei o nome?), um bichinho tão miúdo que cabia no meu bolso. Pensei que um serzinho desses não ocuparia espaço. Levei-o! E qual não foi a alegria dele ao receber a cadelinha. Uma miniatura. Tornou-se até difícil criá-la. Com o passar do tempo, ela tornou-se a dona da casa. Corria pra todo lado, fazia festa com todos.
Era perigoso pisoteá-la de tão miúda. Tornou-se ciumenta com todos. Ninguém podia se aproximar de um de nós que ela corria, eriçava os pêlos (que quase não tinha), fazia escândalos e latia desesperadamente. O latino fino e estridente que chegava a doer os ouvidos.
Foi então, numa dessas crises de ciúmes, que aconteceu. Estava ela deitada no sofá entre nós, quando alguém bateu à porta. Era um velho amigo. Solicitei que entrasse e se sentasse na sala conosco. Ele estava apenas de chinelos e sem meia. Quando, sem menos esperar, surgiu aquela coisinha correndo e latindo em direção ao visitante. Não houve tempo de pará-la. Com seus dentinhos afiados e brancos, abocanhou raivosamente o calcanhar de nosso amigo. É certo que apenas arranhou, mas nos deixou envergonhados. O comportamento daquela cadelinha nos deixou desconcertados. Quem diria! Foi um problema segurar aquela ferinha ciumenta. Depois de muita luta, conseguimos.
No dia seguinte pedi ao meu filho que a levasse para ser vacinada. Fazia parte da rotina. Ele quis saber o porquê da vacina. Expliquei que o cão poderia transmitir doenças se caso mordesse alguém, como aconteceu.
Conformou-se e a levou ao veterinário. Quando voltou, todo satisfeito, com a cachorrinha no colo, abraçou-me e, num sorriso, falou:
- Pois é, papai, ela já foi vacinada! Agora ela já pode morder todo mundo, né?
Caímos na gargalhada.
J. C. Paula
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