24 de agosto de 2011

Meu Primeiro Dia - III



Coronel J. Bento - década de 60
Entramos naquela sala. Grande, cinco janelas - duas à esquerda e três à direita - e uma grande porta que ia quase até ao teto. As carteiras enfileiradas. Havia 6 fileiras. Éramos então 30 alunos.  Não me lembro quantos meninos e meninas separadamente. Talvez a metade.
Apenas uns 3 ou 4 eu já conhecia, o restante era estranho para mim.
Sentei ali, na primeira carteira, encostado na parede do lado oposto da porta. A professora Helena, toda sorridente, foi de carteira em carteira abraçando e beijando cada um de seus alunos.
Depois, diante do silêncio da sala, ela ficou frente à sua mesa. Atrás dela o “quadro-negro”. Colado às suas margens, alguns cartazes com desenhos e alguns sinais, que eu entenderia depois como sendo letras do alfabeto.
Com um sorriso, saudou a todos e nos pediu que aprendêssemos algumas cantigas de roda. A sala toda entoou em coro o “Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar...”
Após aquela descontração total, principiou a nossa preparação para a vida. Desenhou no quadro o alfabeto de A até Z, em vários modelos.
Começava então minha iniciação para a vida, para novos mundos. Eu fiquei feliz...
No intervalo, fomos para o pátio. Enorme. Sob as árvores alguns bancos de madeira onde sentávamos para saborear nossas merendas, a minha era pão com queijo e açúcar. Naquele dia sentou-se ao meu lado um garoto magro, um pouco mais baixo que eu, e pediu-me um pedaço do meu pão. Dei-lhe. Ele saboreou com um sorriso no rosto. Não disse nada, mas seu olhar já expressava o “obrigado”.  Era o Silvane, que mais tarde, no ginasial,  o apelidaríamos de Jack (a pronúncia era Djéki), personagem de uma história contada em nosso primeiro livro. Moreno, simpático, extremamente educado, mas muito pobre. Ele tornou-se meu melhor amigo por muitos anos. Por onde andará?
Voltei para casa, também de mãos dadas com Dona Helena que, durante o trajeto, veio me incentivando aos estudos,  às descobertas e à vida.
Minha mãe me aguardava com o costumeiro sorriso e beijo. Durante algum tempo ela me interrogou. Queria saber de tudo e como foi o meu primeiro dia.
Dona Helena, que saudades!

23 de agosto de 2011

Curiosidade: De onde surgiu a expressão mineira "uai"? - 8


Existem várias versões sobre a origem do UAI.
Segundo o odontólogo Dr. Sílvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, foi o presidente Juscelino Kubitschek "quem os incentivou a pesquisar a origem. Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, Dorália encontrou explicação provavelmente confiável. Os Inconfidentes Mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas, para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria, nas portas dos esconderijos. Lá de dentro, perguntavam:
- Quem é?
- E os de fora respondiam: UAI – as iniciais de União, Amor e Independência.
Só mediante o uso dessa senha a porta era aberta aos visitantes.
Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas.
Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário quotidiano, quase tão indispensável como tutu e trem. Uai, sô… 
(Jornal Correio Brasiliense.)

18 de agosto de 2011

Meu Pai

á memória de Alcides Gabriel da Silva

Correste tanto e por fim paraste, pai.
A tua hora Deus achou por bem fazer.
Lutaste muito, mas quando a chama se vai
só mesmo Deus pode intervir no teu sofrer.
Nos deste tantas alegrias e esperanças,
que nossa vida parecia um paraíso.
1905 - 1973
Quando tu foste, já não éramos crianças,
foi doloroso aceitar tudo com serenidade.
No leito triste do teu quarto, por tantos dias,
e nós, na ânsia de ver-te acordar disposto,
rezamos muito para tentar ter a alegria
de ver-te bom e com um sorriso no rosto.
O sofrimento provoca dores na gente.
Mas enfrentamos o sofrer com altruísmo,
ao percebermos que Deus estava carente
de ter no céu o teu amor e tua bondade.
O tempo passa e com ele envelhecemos.
Talvez um dia estejamos reunidos,
em outro plano, bem juntinhos.
São 38 anos de saudades.

17 de agosto de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - X

XY, frça cara deus não Ira te asbandonar pois vc é uma pessoa iluminada e sabia...
obrigado por toda a força que vc me Deu obrigado cara e Deus esta com vc....
Fulano amigo e antigo funcionário d......


[Fonte: jornal online]
Sem pontuação, desrespeito total à ortografia, descaso com o uso de letras maiúsculas,
indiferença ao uso de acento gráfico, despreocupado com a clareza do texto.

14 de agosto de 2011

Natureza em Ubatuba


A chuva bate violenta na janela do apartamento,
como pedindo para entrar.
Os trovões rasgam o céu sobre o mar,
alvoroçando o movimento da maré.
O vento assovia forte, como se quisesse falar,
da sua inquietação.
A água da chuva correndo pela vidraça sem parar.
O barulho continua, como uma canção
forte, impetuosa.
As ondas do mar, essas mais e mais agitadas.
A porta balança, com a violência do vento.
O vento quer entrar e encontrar a chuva.
A Natureza está agitada!
Aos poucos, vai ficando mais calmo.
A chuva continua.
Agora mais suave desce pela vidraça,  forma de banho....
As ondas quebram na areia, uma após a outra, fortes e altivas...
Os relâmpagos rasgam o céu, iluminando
vai e vem das ondas.
Deixando o meu coração, calmo e lavado.
Como é bom sentir a agitação do mar,
do vento e da chuva
Quando se parte,
a saudade fica!

2 de agosto de 2011

Quem lê poemas tristes

Hoje sou uma folha solta ao vento
que o amor um dia escreveu por engano.
Sinto-me perdido
assim rasgado em mil pedaços
e num rodopio infernal
deixo-me assolar pela dor
enquanto espalho versos pelo chão
com palavras tristes
que o mundo não lê com o sorriso estampado na boca.

Então, que a poesia
se cale para sempre nos meus dedos
e que a solidão seja a esmola amarga do poeta.
maio/2002

Tenho saudades da minha infância   Saudades de tempos distantes, pessoas especiais, lugares inesquecíveis, cheiros e prazeres, reco...