28 de março de 2011

Curiosidade: "golpe do joão-sem-braço" - 3

De onde veio a expressão "Golpe do joão-sem-braço"?

Quando alguém se faz de bobo, de desentendido ou demonstra corpo mole na hora de alguma atividade, é comum falar que essa pessoa está dando uma de "joão-sem-braço". A origem do termo não tem data precisa. Mas, segundo o autor de A Vida Íntima das Frases (Deonísio da Silva), ele vem de guerras travadas em Portugal. Quando um homem não queria ser convocado, se fingia de ferido ou de aleijado para tentar ser dispensado da missão. "Simular não ter um ou os dois braços constitui-se em escusa para fugir ao trabalho e a outras obrigações", afirma o professor. Depois disso, a frase virou metáfora na língua portuguesa para todos aqueles que se omitem quando são chamados para um dever. (1. A origem curiosa das palavras, Márcio Bueno; 2. Aventuras na História, nº 93, pág. 25, ed. Abril)

Assassinando a Língua Portuguesa - 4

"Mulheres são como a Lua: com suas fases ás vezes ficam esconmdidas, mas nunca perdem seu brilho encantador.
quem sou eu: asmulher e acoisa ais bela q Deus criou...todas mulheres merese ser felis."

Orkut - Acessado em 27/3/2011

23 de março de 2011

Espera



Na véspera do sol
haveremos de estar
preparando o grito
que o peito inventou
em outras manhãs.
      A lua crescente
      não minguará
      e será mais nova
      a esperança plantada
      em noites tão longas...
E ao dia nas ruas,
ao invés da raiva, a razão
da dor, a doçura
do grito, a canção de amor!

J. C. Paula

Dificuldades da Língua Portuguesa - VII

Um acadêmico de Educação Física me perguntou se está correto dizer "vamos manter o mesmo time".

Acredito que seja "novidade inédita"... Porque ninguém pode manter outro time. Apesar de que "manter o mesmo" é uma redundância vista quase todos os dias em nossos jornais e noticiários de TV, que não se contentam apenas em difundir essa, mas também outras. Vejamos: "Então, inesperadamente, você é introduzido dentro de um magnífico espetáculo."
"Introduzir dentro" é tão bonito e correto quanto "exportar para fora..." (rs)
"A presença de paulistas na nova administração poderá ser aumentada mais ainda" (Folha de São Paulo nº 20.752 - p.36)
"Você poupa mensalmente R$ 5.000,00 por mês durante cinco anos." (idem nº 20.878, p.48) 
Paciência... haja paciência!

18 de março de 2011

A Cegonha


Foi naquela tarde de verão. Morávamos então numa pequena travessa da Rua João Luís Alves. Carmen estava às vésperas de ganhar o segundo filho.
Claire, então com menos de três anos, estava ao meu lado. Juntos conversávamos, sentados na soleira da porta. Ela, com os cabelos soltos, a todo instante passava as mãos por eles deixando transparecer uma vaidade precoce própria das mulheres.
De short  e camisetinha sem mangas, contava-me causos e causos. Daquela cabecinha fazia surgir um mundo de fantasias e histórias fascinantes.
A boneca “Nini” não mais queria ficar perto do “Zeca Chorão” (era um bonequinho de borracha que estava sempre com o rostinho em lágrimas e beicinhos estendidos, como que estivesse num eterno choro).
O Bambi, aquele bichinho que ela ganhou no sorteio durante a festa na porta da igreja, já não podia servir de cavalinho para ela, estava crescendo. Ela queria trocá-lo por uma bicicleta. Mas a troca ficaria por conta do Papai-Noel.
Ali, pai e filha conversavam como se estivessem tratando de sérios negócios.
De repente, surgiu Dona Amélia - uma senhora já com seus 60 anos - trazendo nos braços a netinha caçula de 10 meses.
Toda sorridente e orgulhosa da neta, aproximou-se de nós. O bebê degustava sua chupeta, enquanto coçava aquela cabecinha mostrando seu penteado estilo “Pedrita”. Começamos, então, a falar sobre o futuro bebê.
Dona Amélia aproximou-se de Claire e perguntou- lhe:
- Você quer um irmãozinho ou uma irmãzinha?
Toda tímida, ela nada respondeu. Apenas baixou os olhos e ficou a riscar o chão com um pedacinho de madeira, como quem quisesse deixar ali sua resposta.
-  Então, benzinho, a cegonha vai trazer um irmãozinho para você? - insistiu Dona Amélia. 
Claire levantou os olhos e fixou-se na bondosa senhora. Depois puxou-me a cabeça e aproximou seus lábios de meus ouvidos e disse bem baixinho:
- Papai, você precisa dizer a ela que o neném está na barriga da mamãe e não na barriga da cegonha.
Deixei-me cair na gargalhada. D. Amélia, sem entender, acompanhou-me...

J. C. Paula

17 de março de 2011

Curiosidade: O que é "gerundismo"? - 2

         Trata-se de recente e condenável fenônemo linguístico no Brasil, conhecido como "endorreia", que marca a inadequada comunicação, em razão da má influência do idioma inglês em nosso dia a dia. Pode-se afirmar que, "geograficamente", o foco de difusão da "praga" se deu nos ambientes de atendimento de "telemarketing".

A senhora pode estar respondendo a duas perguntas?
Eu vou estar confirmando os dados ...
Nossa empresa vai estar lhe informando ...
Eu vou estar estudando o projeto de lei.
Eu vou estar fazendo o relatório após o almoço.
Vamos estar enviando o cartão de crédito.

       Note que as frases são prolixas, uma verdadeira verborragia. Usar o gerúndio pra quê? As orações poderiam ser mais bem escritas, sem prejuízo do sentido, abrindo-se mão da forma gerundial.

A construção virou moda, mas  O GERÚNDIO NÃO INDICA FUTURO...

Não seria melhor dizer:
A senhora poderá responder a duas perguntas?
Estarei confirmando os dados ... (ou: confirmarei)
Nossa empresa estará lhe informando ... (ou: informará)
Eu estarei estudando o projeto de lei. (ou: estudarei)
Eu estarei fazendo o relatório após o almoço. (ou: farei)
Enviaremos o cartão de crédito. (ou: Estaremos enviando)


J. C. Paula

12 de março de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - 3

Comentário de um leitor em um dos jornais online de Alfenas.  Notem que ortografia e concordância não existem. Ainda tem coragem de tornar isso público.

"As pessoas que juga os outros deve ser jugado tmbem por que assidente acontesse com todo mudo querendo ou nao: e vcs nao sabe o quanto esse motorista deve ta sentido."

O correto seria: As pessoas que julgam os outros deveriam ser julgados também. Porque acidentes acontecem com todos, querendo ou não. E vocês não sabem o quanto esse motorista (qual?) deve estar preocupado."  

Dificuldades da Língua Portuguesa - VI

Um acadêmico do curso de Direito me pergunta: penalizar e punir têm o mesmo significado?

Penalizar ou punir?

Se consultarmos o dicionário da Língua Portuguesa (tomo aqui por base o Houaiss 2010), vamos deparar com definições diferentes para os dois termos.
“Penalizar - 1. fazer sentir ou sentir pena, pesar; afligir(-se), condoer(-se); 2. aplicar, infligir pena; 3. causar prejuízo; pôr em desvantagem; gravar.
Punir – 1. infligir(-se) pena ou castigo; corrigir(-se), castigar(-se); 2. servir de castigo a.”
Houve tempo em que “penalizar” significava apenas causar pena ou desgosto.
E há muito se usa a expressão “penalizar” como sinônimo de castigar, prejudicar, punir, infligir pena a. Nesse sentido, é neologismo dispensável, pois o verbo “punir” significa castigar. Esta diferença, muito usada hoje, deve-se a oscilação de sentido do inglês, em que penalize significa “punir”, “impor pena”.  Outro motivo deve ser a etimologia das palavras em questão que vêm do mesmo radical latino: punio,is (castigar, punir). E penalizar (penal + isar) tem origem em punio, i. A mesma, portanto.
Desta forma convém que se use “penalizar” com o sentido de causar pena ou desgosto, afligir;  e “punir” com o significado de castigar, ao menos em textos oficiais para que não haja dúvida.
“Estamos penalizados com o papel que exercem nossos políticos, devemos puni-los por tamanha falta de honestidade.”
(Fontes: Josué Machado in “Manual da Falta de Estilo”;  Revista “Língua Portuguesa”, ed nº 54, ano 5, ed. Segmento; Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, 2009)

Infância

          
 J.C.Paula

Aquela rua descalça
na pequena cidade interiorana,
o terreno baldio defronte -
testemunhas mudas da infância...
Aquela casa modesta
gerou dentro de si
o garoto que não gostava dela
e que fugia e que corria...
O campinho de futebol,
na Avenida São José, -
gritos, sorrisos, cansaços -
que não ensinou
o menino a brincar com a bola,
mas que correu com ela
no pequeno gramado.
Os amigos - hoje distantes -
fugiram para que a lembrança
não ressuscitasse a memória
perdida no tempo...
O pião, a pipa, a finca,
o carrinho de pau, a bola de gude!
- Último, se ferir sou o rei!
- Pro serviço, menino, e já!
A voz autoritária do adulto
ecoa ainda em seus ouvidos,
e os rudes brinquedos
não o viam brincar...
Era domingo!
Domingo de ramos...
- Vai graxa, doutor?
- Olha a vela, quem vai querer?
Carrinho de caixote
rodas de rolimã,
subia e descia o morro!
- Olha a laranja, o abacate, tá baratinho!
E o grito ecoava
na solidão da rua...
No ar, a pipa subia cada vez mais,
levando consigo os sonhos e ilusões
do menino triste...
- Vai graxa, doutor?
E a infância ficava distante!
A rua, as casas, o terreno baldio,
o campinho de futebol...
Onde estarão?
Hoje a infância perdida à lembrança retorna.
Onde estarão as testemunhas da infância?
Onde estarão a rua, as casas,
aquele terreno baldio,
o campinho de futebol?
Cadê os gritos, os cansaços e os sorrisos?
- Vai graxa, doutor?
Lembranças de infância não acontecida...

9 de março de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - V

História ou Estória?

Nos primórdios dos tempos em que escribas, escrivães e copistas, por ignorância ou economia, deixavam de usar os agás latinos: aver ou auer, omem ou ome, oje, ora.... Depois, na Renacença, o uso do agá retornou. E a estória voltou a ser história.
João Ribeiro de Andrade Fernandes (1860-1934 – historiador, gramático e membro da Academia Brasileira de Letras), no século XIX, volta a usar a palavra estória. Como o inglês tem story e History, aquele escritor sugeriu o vocábulo arcaico estória, para contos e lendas populares. Mas sua sugestão não foi bem aceita.
Depois veio João de Guimarães Rosa (1908-1967) que passou a usar estória, em pleno Modernismo, na sua obra “Primeiras estórias” (1962). E a polêmica voltou a surgir.
Hoje, há duas posições: 1. fazer a distinção entre história (o real, acontecido, datado) e estória (o fictício, a ficção) e 2. manter uma forma única, com h, em qualquer sentido. O Dicionário Houaiss aceita as duas formas.
Mas, para que complicar? Vamos usar história, com h, e pronto. Deixemos de anglicismos. Quem sabe um dia inventaremos algum outro sentido para a palavra hoje e, então, passaremos a escrever oje. Que tal?  (Fontes: Celso Pedro Luft in "O Romance das Palavras”, Editora Ática; Márcio Bueno in "A Origem Curiosa das Palavras", Editora José Olympio)

8 de março de 2011

Assassinando a Língua Portuguesa - 2




É o que mais se vê pelas praias

Saudades de Mim


No meu canto adormecido nasce a saudade de mim. Um canto cheio de sorrisos, vontades e magia. Enquanto esse pedaço adormece, o resto permanece num eterno estado de alerta inconsciente. Vivo com a consciência alterada. Já não é só o meu pensamento que a distância maltrata, maltrata a vida, os momentos, maltrata a própria saudade.
Sinto falta dos meus dias de sonhos e daqueles de pedra. Cansei de esperar por uma luz no fim das horas. De olhar para o relógio e me preocupar se ainda alcanço os ponteiros.
Subo devagar a escada dos problemas. A resolução aparece enquanto passo leve por eles. Mesmo acabada.
Perdido nos meus devaneios, eu nasço e renasço quando medito e afasto de mim o que se espera... E o que eu espero?  Não traço a incerteza, o medo, o limite do meu ser invisível no mistério do ar, na formação e transformação de toda beleza inacabada do meu sentimento.
Apenas vivo.
Sinto saudade do que já foi bom e não pode ser mais, mas sem querer recuperar o que se perdeu pra sempre, porque sei da impossibilidade de voltar a sermos quem éramos e sentir tudo o que sentíamos e de recuperar uma beleza que se move, não a beleza imutável do que não se pode mais alterar, como nas fotografias.
Sinto saudade de tudo quanto não me lembro e de que só sei por ouvir dizer, de tudo que gostaria de ter sentido e não senti por não saber como ou por não ter aprendido o necessário para senti-las, ou simplesmente por não querer senti-las. De tudo que eu penso que poderia sentir se não fosse por haver a distância, tempo e a impossibilidade. Sinto saudade do que está por vir. Sinto saudade do que nunca tive e que poderei vir a ter. Das memórias que ainda estão por se criar.
Sinto saudades!
J. C. Paula
 maio/2004

5 de março de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - IV


Um amigo me perguntou: qual o plural correto da palavra artesão? artesões ou artesãos?

Há duas definições para a palavra artesão, conforme Dicionário Houaiss: 1. adorno que se coloca entre molduras em abóbadas e tetos;  2. indivíduo que pratica arte ou ofício que dependem de trabalhos manuais. Na acepção 1, o plural pode variar artesãos ou artesões;  já na acepção 2, existe apenas um plural: artesãos. Portanto, artesãos serve tanto para a primeira quanto para a segunda definição; mas artesões somente é válido para a primeira.

2 de março de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - III

Um aluno me pergunta: os nomes próprios devem obedecer às regras ortográficas?

A grafia de nomes próprios, sejam eles nomes de pessoas (antropônimos), sejam de lugares (topônimos), sendo portugueses, ou aportuguesados, deve obedecer às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns. Assim, deve-se grafar: Neusa, Cleusa, Moji, Cátia, Vanderlei,Válter, Teresa, Luís, etc.
O VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa)  estabelece, no entanto, que, "para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a forma consuetudinária (costumeira), ou registrada. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritos em registros públicos."
Isso explica o fato de se encontrarem grafias como: Neuza, Cleuza, Mogi, Katia, Wanderley, Walter, Tereza ou Thereza, Luiz, entre outros.

Pensamentos I


Quando a tristeza vier ao seu encontro, deixe sair dos olhos uma lágrima, da boca um sorriso e do coração uma prece, pois não são covardes os que choram por amor, mas sim aqueles que amam com medo de chorar.

Tenho saudades da minha infância   Saudades de tempos distantes, pessoas especiais, lugares inesquecíveis, cheiros e prazeres, reco...