12 de março de 2011

Infância

          
 J.C.Paula

Aquela rua descalça
na pequena cidade interiorana,
o terreno baldio defronte -
testemunhas mudas da infância...
Aquela casa modesta
gerou dentro de si
o garoto que não gostava dela
e que fugia e que corria...
O campinho de futebol,
na Avenida São José, -
gritos, sorrisos, cansaços -
que não ensinou
o menino a brincar com a bola,
mas que correu com ela
no pequeno gramado.
Os amigos - hoje distantes -
fugiram para que a lembrança
não ressuscitasse a memória
perdida no tempo...
O pião, a pipa, a finca,
o carrinho de pau, a bola de gude!
- Último, se ferir sou o rei!
- Pro serviço, menino, e já!
A voz autoritária do adulto
ecoa ainda em seus ouvidos,
e os rudes brinquedos
não o viam brincar...
Era domingo!
Domingo de ramos...
- Vai graxa, doutor?
- Olha a vela, quem vai querer?
Carrinho de caixote
rodas de rolimã,
subia e descia o morro!
- Olha a laranja, o abacate, tá baratinho!
E o grito ecoava
na solidão da rua...
No ar, a pipa subia cada vez mais,
levando consigo os sonhos e ilusões
do menino triste...
- Vai graxa, doutor?
E a infância ficava distante!
A rua, as casas, o terreno baldio,
o campinho de futebol...
Onde estarão?
Hoje a infância perdida à lembrança retorna.
Onde estarão as testemunhas da infância?
Onde estarão a rua, as casas,
aquele terreno baldio,
o campinho de futebol?
Cadê os gritos, os cansaços e os sorrisos?
- Vai graxa, doutor?
Lembranças de infância não acontecida...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tenho saudades da minha infância   Saudades de tempos distantes, pessoas especiais, lugares inesquecíveis, cheiros e prazeres, reco...