15 de novembro de 2013

Curiosidade: Como surgiu a expressão "gol de letra"? - 29


A expressão "gol de letra" nomeia o gol em que o atleta trança as pernas como quem faz a letra X e muda o pé que chuta. Quem batizou a jogada foi o jornalista Mário Filho, o criador da expressão "Fla-flu" e irmão do inesquecível Nélson Rodrigues.
O gol de letra veio ao mundo num jogo pela oitava rodada do segundo turno do campeonato carioca de 1942 no estádio das Laranjeiras, entre Fluminense e Madureira.
O time da casa ostentava o título de bi-campeão da cidade e era forte candidato ao tri-campeonato. O Madureira, também conhecido como tricolor suburbano, nada mais tinha a fazer na competição que cumprir tabela.
Seu time, porém, era muito bom, sobretudo o ataque onde despontava o trio Lelé, Isaías e Jair (da Rosa Pinto). Os três faziam com a bola o que queriam em talentosas jogadas que surpreendiam os adversários e arrancavam risos dos torcedores.
Na tarde de 2 de agosto, o trio estava infernal. O Madureira, para assombro geral, aplicou uma sonora goleada de 4x1 no Fluminense e o centro-avante Isaías foi o autor de um gol que, pela técnica e beleza, até hoje é festejado como gol de letra. O craque chutou a bola com as pernas cruzadas em X e Mário Filho, presente no estádio, não teve dúvida: criou, na hora, a expressão. O tempo transformou a jogada em verdadeira lenda, mas ficou a lembrança da ira da torcida tricolor, que não queria deixar Isaías sair vivo do estádio - na verdade, desejava mesmo era chupar a carótida do atrevido jogador. Terminado o campeonato de 1942, o Vasco da Gama contratou os três atacantes - e, aliás, com eles foi campeão invicto em 1945.

(Márcio Cotrim - Revista Língua Portuguesa - ed. nº 97, Ano 9 - pág. 62)

2 de novembro de 2013

Dificuldades da Língua Portuguesa - XXVII

Sentar-se à mesa
Quando se vai almoçar ou jantar, senta-se à mesa, isto é, junto à mesa. Só devemos usar a preposição em com o verbo sentar, quando este significa "colocar o traseiro sobre": sentou-se na cadeira, no sofá, no chão.  Portanto, quando estamos com frio, não sentamos no sol, e sim sentamos ao sol.

Seja
Cuidado para não cometer um erro de ortoepia* ao pronunciar essa palavra. Seja e nunca seje. Seja é uma forma verbal do verbo ser que aparece nos seguintes tempos:
presente do subjuntivo: sejas - seja;  imperativo afirmativo: seja você;  imperativo negativo: não seja você.
*Ortoépia ou ortoepia é a parte da gramática que trata da pronúncia correta das palavras.

Gostar
O verbo gostar exige a preposição de.  Havendo pronome relativo antes da palavra que rege preposição, esta se desloca para antes do pronome relativo.
O amigo de que mais gosto é Paulo. (quem gosta, gosta de)
O filme a que assisti me agradou.  (quem assiste, assiste a)
A pessoa em quem confiava me abandonou. (quem confia, confia em)
A colega por quem tenho simpatia é Lúcia. (quem tem simpatia, tem simpatia por)

ATENÇÃO
Um vício de linguagem bastante comum (barbarismo*) é notado na forma de grafar ou de pronunciar uma palavra. Duas das palavras mais comuns é:
compania  em vez de  companhia.  (Companhia de Aviação = Cia. de Aviação)
rúbrica  em vez de rubrica.  (Coloque à margem do papel sua rubrica).
*Barbarismo vem do grego (barbarismós) e deriva do adjetivo bárbaros, que significa "o que é estrangeiro", "grosseiro", "selvagem". Por isso barbarismo também refere-se ao emprego de palavras ou termos estrangeiros: curriculum vitae  em vez de  currículo;  chance  em vez de  oportunidade.

Alguém Especial

para Carmen Lúcia


Tenho guardado na memória e no coração:
Cada olhar brilhante que trocamos,
Cada sorriso feliz que sorrimos...
Cada aperto de mão que nós demos.
Cada mensagem enviada,
Cada palavra dita...
Cada lágrima de alegria chorada
E cada música ouvida
E cada conversa que tivemos
Dentro da amizade, cumplicidade
e afinidade tão grandes...
Seria uma emoção de invadir o coração
Saber que você guarda sempre em sua memória:
Que eu a amei, a amo e a amarei...
Pois não há nada que afaste um grande amor.
Nem tempo que faça esquecê-la,
Nem barreiras que não sejam vencidas por Deus.
Mesmo que hoje você não consiga ver que é muito especial...
Minha amiga, minha namorada, minha esposa
Você é muito, mas muito especial para mim.

J. C. Paula

O Pudim

Claire O. Silva Quirino


Nenhuma outra sensação me marcou tanto na vida afora quanto o doce suave e a textura tenra do pudim de leite da minha avó. Nunca comi nada tão delicioso. A receita é simples e ela a ensinava a quem quisesse. Ninguém, porém, alcançou o resultado a que ela sempre chegava, talvez porque ela própria era suavemente doce e macia, mas surpreendentemente marcante.
O pudim sempre esteve presente, no dia a dia ou nas comemorações familiares. Quando os netos cresceram e saíram para ganhar o mundo, era com o creme que ela nos recebia. Até da nossa última conversa o pudim estava na pauta. "Eu tenho 88 anos! Já não presto pra nada mesmo. Nem um creminho eu posso fazer para receber os netos!" Acho que foi a única vez que a vi de fato se queixando de algo... de não conseguir mais fazer pudim!
Desde que ela se foi, há seis meses, não consigo comer pudim.
Ontem, a imensa saudade levou-me à cozinha. Misturei os ingredientes ouvindo sua voz "o segredo é bater tudo na mão, bem devagar..."  Calda derretida, caldo espumante. Forno ligado, dois dedos queimados. Enquanto o calor cozia aos poucos o doce, eu me recriminava pela ousadia.
Hoje, desenformei a sobremesa e ofereci-a a meus filhos. "Hummm! Eu amei esse pudim, mamãe! Quero mais dois pedaços!" Com os olhos brilhando e cheios de doçura que só as crianças e as avós têm, Bruno me perguntou: "Por que você está chorando, mamãe? Não posso comer mais?"
27/7/2013


Tenho saudades da minha infância   Saudades de tempos distantes, pessoas especiais, lugares inesquecíveis, cheiros e prazeres, reco...