17 de junho de 2011

Meu Primeiro Dia - I

EE Cel. José Bento - hoje
Pela primeira vez eu iria à escola. Tinha 6 anos. Um corpo ainda por moldar, uma vida que se iniciava. Naquele dia, início de março, com uma calça curta azul, camisa branca, todo orgulhoso, minha mãe penteava meus cabelos ainda loiros e brilhantes. O rosto suave e a alma apreensiva, imaginava o que estava por vir.
A teimosia em manter a blusa para fora da calça, levou minha mãe a ficar brava comigo. Naquela braveza mais se notava ternura e amor do que sentimentos raivosos. Obedeci. Olhei para o relógio. Era meio-dia. Faltava apenas meia hora.
O coração de criança pulava no peito anunciando o momento da estreia. Meus olhos brilhavam fitando o rosto dela. Aquela mulher durona, mas meiga; brava, mas cheia de amor; cansada, mas pronta para continuar sua luta.
Naquele instante recebi um abraço e um beijo carinhosos, acompanhados da serenidade brotada daquelas palavras: “Vá com Deus, meu filho!”
A bolsa preta segura pelas mãos leva os objetos de trabalho: caderno, cartilha, lápis e borracha. Notava-se nela uma saliência: era um sanduíche (pão com queijo e açúcar). Ele seria meu sustento durante o período em que eu ficaria confinado naquela escola pela primeira vez.
Desci as escadas um tanto apreensivo mas alegre. Conheceria novos amigos. Ao chegar na esquina, lá estava ela: a professora. Era minha vizinha e já a conhecia. Conhecia seu carinho, sua meiguice, seu sorriso franco e encantador:
Dona Helena. Que graça.
De braços abertos me recebeu e me beijou. Pela primeira vez, me beijou o rosto com um carinho indescritível. Segurou-me a mão e do seu lado esquerdo uma garotinha, da mesma idade que eu, cujo nome a memória se recusa a lembrar. Lá fomos para um mundo ainda desconhecido. Subimos conversando, eu ainda na minha timidez. Atravessamos a Praça Getúlio Vargas e cruzamos ruas. Ao chegarmos na Praça da Bandeira, visualizei imponente o prédio do Grupo Escolar Coronel José Bento. Que lindo! Parecia um castelo de sonhos, onde, no seu interior, estivessem me esperando um mundo de fantasias, princesas e fadas.
Paramos na entrada. No prédio havia dois pátios: à esquerda pertencia às meninas; à direita, aos meninos. Em ambos, mostrando sua suntuosidade, duas grandes árvores que, a partir daí, seriam palco de minhas aventuras.
O mundo se abria à minha frente.

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