1 de novembro de 2011

O Circo




Rua General Costa Campos 
Rua General Costa Campos. Rua da minha infância, dos meus folguedos, da minha vida, da minha inocência. Ali, no n.º 277 vivia eu. Naquela rua, bons amigos. Lembro-me muito bem de todos eles. O Cláudio, o Mário, o Zé Célio, o Jairo, o Carlinhos, o Zezé, a Dulce, a Olga, a Celuta, o Marcos, o Zé Miguel, o Reinaldo, o Ilacir e tantos outros que vivem na minha memória. Os folguedos infantis rolavam pelos nossos dias. Na casa do Zé Célio, ali na Rua Marechal Deodoro, resolvemos inventar uma nova brincadeira.

R. Marechal Deodoro
         Cercamos uma área de um terreno vago (e é vago até hoje, teimando em nos fazer lembrar de nossa infância) e fizemos uma arena. Era o sonho. Queríamos imitar o famoso Circo Índio Brasil, o circo do Pelado. Ah! Infância! Bons momentos!
Dulce, a irmã do Zé Célio, era a bailarina, junto com sua irmã Olga - mais nova do que ela. Celuta, a mais velha, se encarregava de vender os ingressos, cujo preço era uma caixa de fósforo. Maluquices de criança. 
Mário, moreno forte, e risonho, era o domador. Usa seu chicote, feito de corda, na fera imaginária. Cláudio, de saudosa memória, era o malabarista. Brincava com três bolinhas de borracha, atirando-as para o alto num vaivém frenético.
Zezé, ah! o Zezé! Era, é claro, o palhaço. Função que exercia com maestria. Aliás, era o palhaço no nosso dia-a-dia. A tristeza não lhe cabia. Carlinhos, amigo inseparável das caçadas de gaiola na já inexistente Pedreirinha. Ele era o parceiro de Zezé. Juntos  faziam uma dupla de dar inveja. Suas palhaçadas não se repetiam e nos matava de rir. Acho que Pelado, o dono do Circo Índio Brasil, se visse esses dois com certeza os levaria para seus espetáculos.
Jairo, o mais jovem, este vivia me desafiando para competições de natação na Praça de Esportes. Eu aceitava e, entre perdas e ganhos, eu sempre saía no prejuízo, embora nadasse muito bem.
Ah, arranjaram um trabalho para mim: contar causos e piadas, que era o meu forte. Mas como era difícil. Não podia repeti-las todos os dias porque o público sempre era o mesmo.  Eu sempre me safava.
A plateia, formada por crianças da redondeza, se fazia presente em todo o “espetáculo”.
Hoje, tantos anos depois, ainda  paira na  minha  memória aqueles momentos que o tempo tenta apagar, mas não consegue. A marca das alegrias infantis é indelével. Recuso-me  a esquecer aqueles bons momentos e os velhos amigos.
Onde andarão os “artistas” da General Costa Campos e da Marechal Deodoro? Onde andarão estes artistas que insistem em me deixar saudoso?

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