Terminada a festa do casamento,
meu irmão nos levou para Varginha, onde passamos a noite no Fenícia Palace
Hotel. Este hotel fica no centro da
cidade, ao lado da antiga rodoviária.
Na manhã seguinte tomamos um ônibus
para São Paulo. Assim que entramos no ônibus assistimos a uma discussão entre
gerente da empresa e o motorista. O ônibus dirigiu-se até à garagem da empresa
onde ficamos parados por aproximadamente meia hora, até que a discussão
chegasse ao final.
Enfim fomos para São Paulo. O
veículo não oferecia quase nenhum conforto e a viagem foi muito demorada, pois
naquela época não havia rodovias boas e conservadas. A Fernão Dias tinha apenas
uma pista de mão dupla.
Chegando a São Paulo - é bom
lembrar que a Rodoviária ficava na Praça Júlio Prestes, na região da Luz, no centro e não no Tietê onde é hoje - apanhamos a mala e chamamos um táxi. Nós pretendíamos ir para o litoral Sul,
exatamente para a cidade de Itanhaém.
Tínhamos que ir para outra rodoviária, acho que Barra Funda, não me
recordo bem.
O problema é que a mala que
Carmen levava era enorme, a ponto de o táxi não aceitar levá-la, então tivemos
que procurar um táxi maior. Com muito custo conseguimos.
O drama de toda a viagem foi a
mala. Enorme e estava muito pesada. Até então eu não fazia ideia do que havia
nela. Chegando à rodoviária, foi preciso
um carrinho maior para levar a abençoada bagagem.
Embarcamos com destino à
Itanhaém, cidade que eu não fazia a mínima ideia de como era e nem tampouco
para que “rumo ficava”.
Desembarcamos naquela cidade e lá
veio o problema da mala. O táxi quase se recusa de nos levar para o hotel com
aquela mala. Mas, depois de alguma conversa, conseguimos. Chegamos então num
hotel de classe média chamado Hotel Amazonas. Era noite.
Logo na portaria, o recepcionista
nos disse que não havia quarto com cama de casal. Beleza, em plena lua de mel.
Brincadeira! Tivemos que aceitar um
quarto com duas camas de solteiro e o jeito foi juntá-las. Tudo bem.
Resolvemos abrir a mala que mais
parecia um baú de tão grande e pesada. Quando a abrimos... que susto! O que havia? Duas caixas de camisas cheias de
salgadinhos da festa.... Uma blusa de
frio superquente e pesada e outras roupas mais.
Era janeiro, imagine, com verdadeiros capotes de frio. Os salgadinhos, nem precisaria dizer,
azedaram e se perderam.
Tomamos um bom banho, pois
passamos muito tempo viajando em um ônibus que não tinha nenhum conforto e
fazia muito calor. Para amenizá-lo durante o percurso, era necessário abrir as
janelas, o que muitos passageiros não aprovaram.
Vestimos um short e saímos para
dar uma volta. Pra que lado ficava o mar? Não se via nada porque a iluminação
da cidade deixava muito a desejar. Na
porta do hotel, sentimos a brisa do mar. Pronto, é para lá que vamos.
O mar ficava à direita e fomos
para a esquerda. Brincadeira do destino. Andamos por um bom tempo, sentindo o
cheiro do mar e nada de mar.
Foi então que deixamos a busca
para o dia seguinte. Precisávamos comer alguma coisa. Mas onde encontrar um
restaurante bom? Não achamos. Pelo que
vimos da cidade, era muito ruim. Fomos a um barzinho, quase ao lado do hotel,
onde serviam refeições. Comemos por ali mesmo. Após o “jantar” fomos de volta
para o hotel. Não havia mais opções.
De manhã, após o café - que por
sinal muito fraquinho - fomos novamente à procura do mar. E qual não foi nossa
surpresa ao chegar à porta do hotel... ali estava o mar a poucos metros de nós.
Voltamos às pressas para o quarto
onde trocamos de roupa e nos dirigimos à praia. Surpresa. A praia não era tão
limpa e não havia praticamente ninguém por ali.
Muita pedra, pouca areia, sem
ondas e bastante suja. Mas, ficamos por ali mesmo. Demos um mergulho e nos
deitamos na toalha sobre a areia. Não
sei determinar o tempo que ficamos, só sei que ao sairmos estávamos vermelhos
como um pimentão. Fomos para o hotel e
tomamos um banho. Qual não foi a surpresa. Nossos corpos estavam ardendo e
muito. Queimamos demais, confiando que o mormaço não nos faria mal. Não
podíamos encostar um no outro. Imagine só. Em plena lua de mel.
Dali fomos à farmácia e compramos
uma loção para aliviar as queimaduras.
Pelo movimento da farmácia, não éramos apenas nós a passar pelo
problema. Havia outros casais nas mesmas condições. Daí, o funcionário nos disse:
mineiros não estão acostumados ao sol. É normal isso por aqui.
Sim, pode ser normal. Mas não era
normal em viagem de núpcias. Tudo bem,
passamos o resto da tarde e a noite passeando pela cidade. Pelo visto, muito
pequena. Fomos então ao mesmo restaurante onde estivemos no dia anterior.
Depois disso, sentamos num
banquinho de uma pequena praça, até que bastante aconchegante. Ao nosso lado,
passou um trenzinho da alegria. Puxado por um jipe e com carretas onde se
transportavam turistas.
Resolvemos dar uma volta naquele
trenzinho. E lá fomos. Ele começou a dirigir-se para um local um pouco distante
de onde estávamos. Foi em direção a um pontilhão que ficava logo à frente.
Quando o trenzinho acabou de atravessar a ponte, nossos olhos não acreditaram
no que viram.
Uma praia maravilhosa, um colírio
para os olhos, seu nome: Praia dos Sonhos. Cercada de muretas, com uma
infraestrutura fantástica. Na orla,
lindos prédios, restaurantes e bares lotados.
Olhamos um para a cara do outro e perplexos com a maravilha que
vimos. Ali, naquelas praias, estava
sendo filmada a novela da Globo: “Mulheres de areia”.
Ficamos indignados conosco
mesmos. Depois de passarmos por um hotel bem ruinzinho, um restaurante
horrível, encontramos o paraíso. Já era
noite, voltamos para o hotel.
Na manhã seguinte, vestimos
nossas roupas de banho e fomos para aquela praia, onde ficamos o dia todo,
degustando frutos do mar, peixes e admirando a beleza local.
Alguns anos depois, quando lá voltamos... bem,
a coisa foi diferente.
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