Cléverson de Oliveira e Silva
à minha irmã
à minha irmã
Quando eu busco em minha memória, eu me lembro daqueles olhinhos
castanhos bem arredondados... Está certo que não eram somente os seus olhinhos
que eram bem redondinhos, seu rostinho também era assim e eu não perdia a
oportunidade de lembrá-la disso, importunando-a, chamando-a de “Mônica”,
“Gorda”... e quantas vezes não brigamos por conta disso. Mas refletindo agora,
acho que todas essas importunações eram a forma de dizer algo mais. Criança não
sabe se expressar bem com palavras e quer estar sempre por cima, mas cada
provocação era uma forma de dizer “eu me preocupo com você”, “eu estou pensando
em você”, “eu amo você”...
Esse rostinho redondo, quando o sorriso desabrochava (e este sorriso era
quase permanente), tornava-a macilenta e seus olhinhos menores, estampando a
alegria de uma menina moleca, que brincava comigo na rua junto com os meus
amigos... era também um deles, minha amiga.
Ela foi crescendo, nossas brigas diminuindo, nossa proximidade aumentado. Ela se tornou uma adolescente e uma
mulher linda, casou-se e me deu dois sobrinhos que amo de paixão. Saibam que o
tio/padrinho vai estar sempre aqui para o que precisarem.
Essa menina/mulher, Carina, querida, cujo coração é maior que o mundo,
que coloca a necessidade dos outros na frentes das suas. Guerreira, que luta de
cabeça em pé e com um sorriso no rosto.
Eu te amo muito minha irmãzinha, e vou me lembrar sempre de você assim,
com seu sorriso. Sua falta vai deixar um enorme vazio no meu coração e vai
levar um bom tempo para cicatrizar.
Eu me esforço muito para não pensar em como tudo ocorreu nos últimos
tempos, porque, quando o faço, sou dominado pela tristeza e pela saudade. Sei
que a única maneira de me manter são é apoiando minha família e contanto com a
minha esposa, cujo ombro serve como foz para este rio perene que nasce no meu
coração, corre pelos meus olhos e desagua em seu colo.
Sei que devo tocar a vida. A dor vai passar, mas a saudade vai
permanecer. Sei que hoje você olha por todos nós e que nossas vidas estão mais
protegidas. Existem coisas para as quais nunca encontraremos explicação.
22/4/2015
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