Quando faço alguma faxina no meu
escritório, acabo remexendo arquivos, caixas e pastas onde sempre encontro
muitos escritos escondidos. Usei o termo “escondidos” por terem ficado um bom tempo esquecidos em um arquivo qualquer, até datilografados.
Não sei se poderia chamar esses escritos
de pérolas, mas, para mim, são tão valiosas por se tratarem de frases e versos
com algumas palavras soltas que escrevi há tempos e que não tiveram uma
conclusão ou, se concluíram, foram esquecidas no tempo.
Ao redescobrir meus antigos escritos,
não deixei de perceber algo de diferente neles. Olhava com estranheza o que
estava escrito em cada poesia. Algo meio desencontrado, solto no ar. Refleti,
refleti, e viajei de encontro ao meu eu no passado e foi extraordinário, embora
certas lembranças seriam melhores se esquecidas.
Esse reencontro comigo mesmo me fez
entender o que eu havia escrito, da forma que havia escrito e o que queria
dizer, pois sem essa conexão, continuaria a enxergar palavras desencontradas e
desordenadas, mas com uma brutal sensibilidade e retratando com fidelidade a
explosão de um coração verdadeiro e mais jovem.
Hoje, porém, não me vejo como tempos
atrás. Mas pude agregar e até mesmo cortar excessos, reformulando algumas
poesias e crônicas e isso me deu um prazer enorme, talvez ainda maior do que no
momento em que foram criadas.
Na verdade essas poesias e crônicas não
foram refeitas, foram lapidadas, pois a essência da sua criação permaneceu
inócua em cada letra, cada frase. Como se o seu ponto mais valioso fosse
revelado após a sua lapidação, fazendo com que a pedra brilhasse e refletisse o
seu real valor.
Coisas que esquecemos em um canto como
um sentimento, um sonho, um ideal, um amor, um objeto, enfim, coisas que vamos
jogando dentro de um baú e esquecendo em um canto empoeirado, úmido e mofado,
mas que são verdadeiras pérolas e bem valiosas.
Claiter
maio/2011
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