Conhecer
uma língua é uma forma de termos contato com as raízes culturais mais profundas
de uma sociedade. A origem das coisas está na linguagem, na comunicação. Você
sabe de onde veio a língua que você fala hoje?! Ela é uma grande mistura de
várias outras línguas e histórias e culturas. Digo mistura de histórias e
culturas porque a língua retrata a forma como uma sociedade vê o mundo. Ou
seja, cada sociedade compreende a realidade à sua maneira. Por isso, na
aprendizagem de uma segunda língua não fazemos apenas uma tradução do
dicionário dela, mas é preciso entender um pouco da cultura daquele contexto em
que ela é falada. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, lá em 1500,
encontraram muitas dificuldades, disso já sabemos. Aqui estavam os nativos e
com eles uma grande variedade de línguas. Só na região amazônica eram cerca de
718. É isso mesmo! 7-1-8 línguas indígenas!!! Podemos imaginar a dificuldade
que os portugueses tiveram para estabelecer algum tipo de comunicação com os
índios e realizar a tão sonhada catequese. Os portugueses não conseguiram
aprender as nossas línguas, por causa da diferença dos sons e também da
multiplicidade delas (afinal, eram mais de 718!). E daí começou a ideologia de
inferioridade da língua dos índios, assim como sua cultura. A prática
missionaria resolveu reprimir essas diferenças linguísticas e culturais. Hoje,
ainda utilizamos algumas palavras de origem indígena, como arapuca, jabuti e
moqueca, do Tupi. Mas, falamos essencialmente o português que veio de Portugal,
cheio de influências do latim, grego, italiano, francês… Algumas palavras são
criadas por aqui mesmo. Apesar de sabermos que a formação de palavras não é tão
simples assim, é verdade que elas sofrem alterações ao longo do tempo e cada
vez mais temos um “português brasileiro”. É extremamente importante resgatar as
raízes culturais que de inferiores nada têm! E porque não começar
pela origem, a linguagem
(Azeredo, J.C. Morfologia: construção gramatical da palavra.
In: Fundamentos de gramática do português).
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