Havia tempos
que eu
não passava por
aquela rua . A Marechal
Deodoro é apenas uma ruela de um quarteirão . Ela começa na General Costa Campos e termina na Duque
de Caxias .
Na direção do carro ,
dirigindo devagar , paradas
repentinas e olhando para cada
uma das casas daquela rua , fui monologando: aqui
morava o Miguel Pipoca, dono de um restaurante famoso
pelos peixes
fritos , muito
conhecido por
Bar do Miguelaço. Homem
de estatura mediana ,
gordo , meio
estranho nas conversas ,
costumava caminhar pela
casa apenas
de cueca . Os que
na sua porta
passavam, o viam na sala assim trajado.
Nesta outra
casa moravam o Sr. Tilinho e sua esposa , D. Dalva. Ele era alto ,
esbelto , funcionário
da firma Engel & Irmãos , motorista
de caminhão de transporte .
Amigo e brincalhão .
Contava causos e mais
causos sobre
suas viagens
e entregas .
Na casa seguinte ,
o Sr. Vicente Azevedo. Alto , magro , esguio , sorriso estampado no rosto ,
alfaiate . De vez
em quando
ainda me
encontro com
ele . Bom
de conversa . Participava das comunidades
eclesiais de base .
Fernando Prado
residia também naquela rua . Pedreiro , ótimo profissional . Este era meu amigo
particular e colega de Congregação Mariana . Bons tempos . Participávamos do terço
em família ,
jogávamos futebol , fazíamos teatro . Hoje ,
Fernando mora na Bias Fortes , esquina
da João de Camargo, praticamente meu vizinho . Fernando, já
com idade
avançada não mais
se lembra daqueles tempos , infelizmente sua
memória não
lhe permite sequer
lembrar-se de mim .
À direita,
antes da casa do Vicente, morava o Sr. Emílio Ayer, a quem meu pai dizia ter
parentesco. Também trabalhava na firma Engel & Irmãos. Muito sistemático,
ele era de poucas conversas, mas tem um família maravilhosa.
Sr. Toniquinho
Carteiro, era assim que todos o chamavam. Funcionário da Empresa de Correios e
Telégrafos de longa data. Nós o víamos passar pelas ruas entregando
correspondências e todos o chamavam perguntando: “tem carta pra mim, seu
Toniquinho.” Ele, calma e tranquilamente respondia: “Amanhã”.
José Viana, homem forte , barba rapada, bigode
bem cuidado . Não deixava também
o seu cigarro .
Sempre alegre
e brincalhão . Não
passava um dia
sequer sem
que Zé
Viana me dirigisse palavras
de incentivo acompanhadas de brincadeiras salutares. Um bom companheiro.
Eu frequentava sua casa . Seus filhos
eram meus amigos
e ainda o são . Pai e marido exemplar . Mas bastante rigoroso em suas decisões ,
respeitava como ninguém
os jovens estudantes ,
mas não
lhes dava trégua
quando se tratava do cumprimento
de seu dever .
Tantas e tantas
vezes ia eu
a casa dele apenas para
vê-lo contar histórias
alegres e cativantes .
Zé Viana simplesmente
um homem
bom que
não ficou mais
conosco . Faleceu naquele dia de outubro
de 1994. Não me lembro de exatamente o dia e nem o que o levou a nos abandonar
e a todos os seus jovens amigos do Colégio Estadual. Deve ter ido se encontrar com Salvador.
José Claiter
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