Mas a conversa começava ali, éramos da mesma idade. Jovens adolescentes, compromissados apenas com o Colégio. Estudávamos à noite. Bons companheiros.
Ao lado do Cine Alfenas ficava o Bar do Zé Orlando, um bom camarada, amigo, que sempre nos esperava com aquele arroz e bife acebolado, seguido de uma cervejinha bem gelada. Bar pequeno, mas cabiam duas mesas com quatro cadeiras. Mas era nosso recanto de todas as noites. Ouvíamos as histórias do Zé Orlando sobre a roça, seu milharal, sua vontade de largar tudo e partir para o seus plantios. Tudo isso ao som dos Beatles.
Ali ficávamos os três. Conversando sobre o nada, e o que não faltavam eram as piadas. Não posso me esquecer de nenhuma, eram boas. Muitas vezes ríamos de ver o outro rir. O tempo passava e nós nem percebíamos.
O vento fresco da noite balançava as folhas das copas das árvores daquele jardim florido que pareciam sorrir com a gente.
Paulo Azevedo e Paulo Nascimento, xarás. Só eu fugi da regra: José. Mas tudo bem, era o Paulinho, o Paulo e o Zinho, o trio inseparável das noites alfenenses.
Um dia, Paulo, o Nascimento, partiu para Belo Horizonte para realizar uma pequena cirurgia de fimose. Era preciso ser em BH, pois somente lá havia convênio com a Companhia Sul-mineira de Eletricidade (hoje CEMIG), onde ele trabalhava.
Foi o último dia em que nos vimos. Paulo partiu de viagem, mas sua viagem foi mais longa do que imaginávamos. Não podia tomar anestesia e tomou. Partiu para outras plagas além de nossa imaginação. Acabaram ali nossas noites de piadas.
Paulo Gomes do Nascimento, bom companheiro, partiu sem avisar e não mais voltou.
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