6 de abril de 2011

Dificuldades da Língua Portuguesa - VIII

Um amigo pergunta:  Como se diz: Vende carro ou Vende-se carro?

Uma questão de regência e concordância
Em primeiro lugar o verbo vender é transitivo direto.  Na primeira frase, é necessário determinar o sujeito: quem vende?  A frase fica obscura por falta do agente da ação verbal.  No segundo caso, temos o sujeito carro e a frase está na voz passiva sintética. Ao se transferir a frase para a voz passiva analítica, temos: Carro é vendido. Portanto, carro é sujeito nos dois casos. Voz passiva analítica é quando o verbo ser (flexionado) é acompanhado  do verbo principal no particípio.
A partícula se, presente após o verbo, é denominada de partícula apassivadora ou pronome apassivador, pois é possível o verbo na voz passiva analítica. Concluímos, então, que o verbo deve, como regra geral, concordar com o sujeito em número e pessoa. Exemplos: Vende-se casa; vendem-se casas; aluga-se carro; alugam-se carros. Como vimos: casas são vendidas  e  carros são alugados; casa é vendida e casas são vendidas. Este fato não acontece com verbos transitivos indiretos, onde o se passa a ser denominado de índice (ou partícula) de indeterminação do sujeito, porque a voz passiva analítica não será possível. Daí o uso do plural ser indiferente: Precisa-se de empregado(s); Precisam-se de empregado(s). Nestes exemplos, o termo empregado(s) é objeto indireto e não sujeito. Não posso dizer que empregado é precisado ou são precisados. É necessário que se tenha conhecimento de regência verbal. 
Concluindo, frases como: passa-se roupas; digita-se trabalhos; vende-se apartamentos estão erradas.

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