Austera, meiga, condescendente, olhar sério, exigente, despontava um sorriso natural. Afinal, assim era ela. Fazia transparecer em seu rosto os mais diversos sentimentos, antagônicos, porém sinceros. Era o momento, tudo dependia do momento. Poder--se-ia enxergar naquele rosto o que desejasse. Tudo dependia de quem o olhava. O respeito se fazia presente quando ela nos chamava para algumas admoestações.
Queria seus filhos sendo “gente” e os defendia a todo custo, ao mesmo tempo em que era a mais exigente das criaturas. Defini-la seria impossível. Não sabíamos se a temíamos ou se a amávamos. Perdoava sempre nossas falhas, mas jamais a repetição dos mesmos erros. Não nos queria como os melhores, mas fazia absoluta questão que estivéssemos entre eles.
A honradez e a honestidade sempre foram sua bandeira. Vivia intensamente as palavras bíblicas: “a César o que é de César”.
Lutou como uma guerreira, conquistou seu lugar e um lugar para seus filhos. Era assim.
Aos nossos olhos se transformou numa heroína.
A vida foi cruel com ela durante um bom tempo, mas jamais se deixou abater diante das dificuldades e não nos permitia que desanimássemos. A luta pela vida não tem fuga, é preciso enfrentá-la e, acima de tudo, vencê-la. Esse era seu lema e o transmitiu aos que ela amou.
Diante de sua máquina de costura criava a arte. Era uma exímia bordadeira que conseguiu fama, respeito e admiração de todos. Seus trabalhos eram dons, de suas mãos saíam, não apenas os afagos, mas também a arte. Era uma arquiteta na arte de bordar.
Desse seu trabalho saía o sustento de sua família e a educação de seus filhos. E como soube educá-los!
Mulher, mãe, amiga, educadora, assim era ela.
Viveu o bastante para ver seus filhos vencerem. Viveu o bastante para ver seus netos e bisnetos. Viveu para a vida! Viveu para a família. Viveu seus 83 anos de luta, mas venceu!
D. Gecelda, carinhosamente conhecida como Dona Paula.
Minha mãe.
J. C. Paula
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