No meu canto adormecido nasce a saudade de mim. Um canto
cheio de sorrisos, vontades e magia. Enquanto esse pedaço adormece, o resto
permanece num eterno estado de alerta inconsciente. Vivo com a consciência
alterada. Já não é só o meu pensamento que a distância maltrata, maltrata a
vida, os momentos, maltrata a própria saudade.
Sinto falta dos
meus dias de sonhos e daqueles de pedra. Cansei de esperar por uma luz no fim
das horas. De olhar para o relógio e me preocupar se ainda alcanço os
ponteiros.
Subo devagar a
escada dos problemas. A resolução aparece enquanto passo leve por eles. Mesmo
acabada.
Perdido nos
meus devaneios, eu nasço e renasço quando medito e afasto de mim o que se
espera... E o que eu espero? Não traço a
incerteza, o medo, o limite do meu ser invisível no mistério do ar, na formação
e transformação de toda beleza inacabada do meu sentimento.
Apenas vivo.
Sinto saudade
do que já foi bom e não pode ser mais, mas sem querer recuperar o que se perdeu
pra sempre, porque sei da impossibilidade de voltar a sermos quem éramos e
sentir tudo o que sentíamos e de recuperar uma beleza que se move, não a beleza
imutável do que não se pode mais alterar, como nas fotografias.
Sinto saudade
de tudo quanto não me lembro e de que só sei por ouvir dizer, de tudo que
gostaria de ter sentido e não senti por não saber como ou por não ter aprendido
o necessário para senti-las, ou simplesmente por não querer senti-las. De tudo
que eu penso que poderia sentir se não fosse por haver a distância, tempo e a
impossibilidade. Sinto saudade do que está por vir. Sinto saudade do que nunca
tive e que poderei vir a ter. Das memórias que ainda estão por se criar.
Sinto saudades!
Nenhum comentário:
Postar um comentário